17.11.09

TURISTA OCIDENTAL - COMPOSTELA (2)

Mal passamos o rio Minho e chegamos à Galiza, percebemos que continuamos em Portugal. Não tentem falar castellano ou português apalhaçado. Eles levam a mal. Falem português devagar, carregando um pouco nos “x” e recebam os sorrisos cúmplices dos irmãos galegos.
De facto a língua galega denomina-se portugalego ou galego-português.
Com a independência de Portugal, a Galiza ficou órfã. A língua galaico-portuguesa quase se extinguiu. Desde o séc. XVI deixou de se escrever oficialmente e de se ensinar publicamente. Durante mais de três séculos a língua foi, deliberadamente, esmagada.
Passou a ser transmitida, quase secretamente, por via oral. A pouco e pouco, tornou-se uma língua de analfabetos e rústicos, sem prestígio social.
Esta tendência agravou-se, em especial depois das invasões francesas e da tentativa de levantamento frustrado de 1846 de raízes paralelas à Maria da Fonte. Os principais cargos passaram a ser ocupados exclusivamente por castellanos, remetendo o galaico para o “guetho” dos marinheiros e dos camponeses humildes, definitivamente banido das esferas culturais e do ensino público.
Ao contrário, o galaico-português levado pelos portugueses às cinco partidas do mundo, confrontou-se com experiências novas. Enriqueceu-se. Assimilou vivências inéditas na política, geografia e no contraste étnico.
O galaico-português da Galiza não viajou nas naus e perdeu oportunidade de se abrir e renovar. Foi-se adulterando, aculturando… Estagnou!
Na imagem o condado galaico-duriense, em 1066. Após a independência de Portugal (1143), o Rio Minho separou o condado em dois territórios. A parte norte, onde se situa Compostela, manteve-se no reino de Leão.
(a continuar)

1 comment:

Maria Augusta said...

Mesmo as línguas precisam de outras influências para se enriquecer senão estagnam e/ou morrem.