Foram dois dias a comer e a beber no tombadilho do barco, entremeados de pequenas voltas na parte antiga da cidade, onde predominam as catedrais do marisco, para ganhar apetite e voltar rapidamente a comer e a beber.
Foi óptimo para quem, como eu, não consegue entender o conceito “barco” e que gosta de enfrentar o mar com os pés bem assentes em terra firme.
Para mim, as marinas são locais alienígenas. Um amontoado de cascos, cabos, nós e mastros que custam um dinheirão só para atracar. Passadeiras flutuantes, próprias para estimular o vómito. Bandeirinhas de significado hermético. Sinais cabalísticos. Linguagem exotérica.
Também não percebo como se pode gostar de barcos: espaço confinado; cabeçadas permanentes nas portas; dormidas acanhadas no abafado da noite; convés perigosamente escorregadio; defecações deficientes; banhos racionados; comidas instantâneas; motor sempre desafinado; porcas para apertar; velas para içar; madeiras para envernizar; qualquer coisa sempre para arranjar... Um barco é um “bricolage” permanente!
O tamanho é em pés. A velocidade em nós. Bombordo é esquerda e estibordo direita. Navega-se à bolina cerrada ou folgada, a todo o pano das andainas. Há alhetes, traquetes, mezenas, retrancas e caranguejas. Então e o pau da bujarrona? Pessoalmente, prefiro a verga grande ou, no limite, a verga de joanete. Para quem goste, há ainda os garupés e mastaréus. Isto sem falar do burro de Sotavento e do burro de Barlavento, que ninguém percebe o que andam aqui a fazer. Pior, nas extênsulas chega mesmo a haver adriças. E para quem quiser, há sempre o cesto da gávea para primeiro avistar.
As cordas dos barcos, a que os “marítimos” chamam pomposamente cabos, não se deixam amarrar de qualquer forma. Ele há o nó de cábula; o nó coberto; a emenda da cotovia; o lais de guia pelo seio; a volta de fiel; o nó azelha; o nó trempe; etc, etc…
Enfim, um verdadeiro pesadelo! Suspeito que se alguém disser, “enfia-me a verga grande na retranca, antes que o pau da bujarona se me espete no traquete”, ninguém vai perceber e ainda acaba pendurado no cesto da gávea com uma emenda da cotovia a aconchegar-lhe o pescoço.
Mas, não há dúvida que os barcos nos dão grandes dias de felicidade: o dia em que se compra e o dia em que se vende!
Foi óptimo para quem, como eu, não consegue entender o conceito “barco” e que gosta de enfrentar o mar com os pés bem assentes em terra firme.
Para mim, as marinas são locais alienígenas. Um amontoado de cascos, cabos, nós e mastros que custam um dinheirão só para atracar. Passadeiras flutuantes, próprias para estimular o vómito. Bandeirinhas de significado hermético. Sinais cabalísticos. Linguagem exotérica.
Também não percebo como se pode gostar de barcos: espaço confinado; cabeçadas permanentes nas portas; dormidas acanhadas no abafado da noite; convés perigosamente escorregadio; defecações deficientes; banhos racionados; comidas instantâneas; motor sempre desafinado; porcas para apertar; velas para içar; madeiras para envernizar; qualquer coisa sempre para arranjar... Um barco é um “bricolage” permanente!
O tamanho é em pés. A velocidade em nós. Bombordo é esquerda e estibordo direita. Navega-se à bolina cerrada ou folgada, a todo o pano das andainas. Há alhetes, traquetes, mezenas, retrancas e caranguejas. Então e o pau da bujarrona? Pessoalmente, prefiro a verga grande ou, no limite, a verga de joanete. Para quem goste, há ainda os garupés e mastaréus. Isto sem falar do burro de Sotavento e do burro de Barlavento, que ninguém percebe o que andam aqui a fazer. Pior, nas extênsulas chega mesmo a haver adriças. E para quem quiser, há sempre o cesto da gávea para primeiro avistar.
As cordas dos barcos, a que os “marítimos” chamam pomposamente cabos, não se deixam amarrar de qualquer forma. Ele há o nó de cábula; o nó coberto; a emenda da cotovia; o lais de guia pelo seio; a volta de fiel; o nó azelha; o nó trempe; etc, etc…
Enfim, um verdadeiro pesadelo! Suspeito que se alguém disser, “enfia-me a verga grande na retranca, antes que o pau da bujarona se me espete no traquete”, ninguém vai perceber e ainda acaba pendurado no cesto da gávea com uma emenda da cotovia a aconchegar-lhe o pescoço.
Mas, não há dúvida que os barcos nos dão grandes dias de felicidade: o dia em que se compra e o dia em que se vende!
Nota: é mesmo o "iate dos primos".
(a continuar)
3 comments:
Ou nos dias que você está a bordo...hahahah... pois deve ter sido bem engraçado..hahaha..uma grande felicidade...
Deu um nó...todos estes nomes.
Doces beijos,
Rê.
Te entendo, não sinto a menor atração por barcos...
Hahaha genial! não gostas mas sabe-la todinha
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