23.2.10

DESERTO

As pedras estão por todo o lado. Escorrem dos montes. Saltam das ribeiras. Inundam os planaltos. Casas de pedras. Pedras de pedras. Enormes cataclismos. Permanente hecatombe de granito. Árvores seculares. Ribeiras murmurando. Verde no castanho. Brilho no céu. Sol desmedido. Paisagem. Muita paisagem... Alguns burros olham. Contemplamos. Felizmente não há gente. Felizmente a pouca gente que há rapidamente desaparecerá. Mortos. Enterrados vivos. Velhos desdendatos. Caducos. Vultos na paisagem. Restos de gente em extinção. Felizmente, em breve, teremos hectares de paisagem. Uma paisagem profunda. Um Portugal exclusivo. Um deserto de quartzo, feldspato e mica.

7 comments:

byTONHO said...



Por aqui diria-se:

QUE PEDREIRA!!

A imagem mais uma vez,
de um colorido lindo!

João Menéres said...

É o linguajar de quem passou por riba do Douro a caminho do Nordeste...

Se soubesse quanto eu gosto daquele naco grande deste Portugal tão anãozito !

Jorge Pinheiro said...

João: aqui não há linguajar. Há uma sensação de impotência que, à munha maneira, tento alertar.

Jorge Pinheiro said...

Minha maneira (queria dizer).

Jorge Pinheiro said...

Tonho:as cores são do melhor; a gente também... Pena haver pouca.

João Menéres said...

Apliquei >linguajar< no sentido de >REACÇÃO<.

Tudo conforme, Jorge.

Jorge Pinheiro said...

ENTENDIDO JOÃO.