20.3.10

BRASIL - FORMAÇÃO (2)

Antes dos portugueses chegarem ao Brasil e antes de Colombo se ter enganado na rota e no continente, já havia gente na América. Agora, quem eram, donde vinham, porque ali estavam, como e quando tinham chegado, é motivo das maiores interrogações e polémicas. Não que isso interesse aos poucos grupos de indígenas que remanesceram às chacinas, doenças e álcool. Mas a verdade é que eles permanecem misturados no sangue da população americana, em especial na América do sul. Um facto que devia encher de orgulho os actuais habitantes, mas que muitas vezes se mantém como um factor de discriminação.
Fossem quem fossem, viessem donde viessem, chegaram em grupos muito reduzidos de indivíduos, em busca de de habitats ricos em caça: mastodontes, bisontes, renas, tapires e camelos. Por serem grupos pequenos, demoraram milénios a ocupar o território americano e era ainda escasso esse povoamento quando, finalmente, foram descobertos. Sim, porque foram eles que foram descobertos e não o contrário.
Na América do norte predominam grupos indígenas braquicéfalos (crânio curto e achatado na parte detrás), seguramente provenientes das culturas Diuktai e Malt'a Afontova, da Mongólia. Já na América do sul há um número muito significativo de dolicocéfalos (crânio oval), indiciando origem da Oceânia e Melanésia.
Fica, assim, indeterminada a rota de chegada à América e a sua exacta origem. Parece correcto poder aceitar-se uma tese múltipla que nos remete para uma entrada a noroeste, aquando da última grande glaciação, através do Estreito de Bering e uma outra, na ligação Ártico/Atlântico, entre as calotes glaciais da Laurentida (oriental) e da Cordilheira das Rochosas (ocidental). Estes povos migrantes seriam de origem asiática. Mas, também devem ter penetrado povos de origem melanésia, via Oceano Pacífico, aproveitando a extensa plataforma continental, muito mais ampla do que a actual. A baliza temporal de chegada é enorme: vai dos 12 aos 70 mil anos a.C.
E, assim, neste mar de dúvidas, chegamos ao povoamento inicial do território brasílico pré-lusitano...
(a continuar)

11 comments:

angela said...

Esse é um dos fatos mais fascinantes e pouco conhecido da história do homem. Fico imaginando-os andando e encontrando tantas dificuldades, muitos morrendo nesse caminhar. Continuaram e desbravaram e enfrentaram o desconhecido com quase nada na mão.
Tenho respeito e admiração por eles, desde a Luci lá no Vale do Rift.
Interessante e rica em informações a sua postagem

susana said...

Se um leão, domina outro, é a lei da natureza! Se um homem, ou um povo dominam outros é aniquilação, racismo,extinção,genocídio, escravidão!
Ás vezes fico confusa, porque dizem que a natureza é a coisa mais correcta e o homem violou-a, tornando-se ganancioso e cruel. Mas a própria natureza é assim e desde sempre, a lei do mais forte, se fez ouvir na selva. Os fracos e doentes são abandonados ao seu destino e os mais fortes dominam.
Não vejo qual a diferença desde o princípio do mundo até agora!A única diferença é que agora "a força", já tem pouco a ver com vigor físico! Mas esse é um pequeno pormenor! Os fortes continuam a dominar os mais fracos...não percebo qual o problema em chorar os índios e outros povos...nada mudou!

susana said...
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Jorge Pinheiro said...

Angela: deve ter sido uma aventura fabulosa. Não posso estar mais de acordo. Obrigado pelo incentivo.
Susana: eu não sei se houve ou não genocídio. Apenas estou a contar a História, à minha maneira, com base em factos. E esses factos nem sempre estão comprovados. Muitos são especulativos. Agora que ganha sempre o mais forte é uma evidencia. O contrário é que seria estranho. Muito menos estou a chorar índios. Francamente a piedade não faz parte dos meus atributos.

susana said...

Eu desviei-me um pouco do que tu aqui disseste! Acho que todos temos direito ao planeta Terra. Não penses que sou a favor de extinguir raças ou algo parecido!Nem por sombras! Foi uma espécie de desabafo!
A partir do momento que se criou a propriedade privada, estragou-se tudo! Começamos a ser muitos e o que há para dividir já é pouco,quanto mais alguns ficarem com quase tudo!

Jorge Pinheiro said...

Susana: entendi perfeitamente. E estou inteiramente de acordo com o excesso de população. É o problema nº 1 do planeta, com ou sem propriedade privada. Há muita gente a mais, ponto final. Até que uns tsunamis davam jeito e, quem sabe, uns genocidios. A verdade é que a natureza tem sabido equilibrar as coisas, mas nós estamos a dificultar cada vez mais.

Lizete Vicari said...

Jorge, louvo tua iniciativa de escrever sobre os fatos!
Susana, concordo com teu pensamento!
Na minha, digamos, juventude, tive o prazer de conviver com um grande estudioso nesta area!
Se chamava Mario Arnald Sampaio, é autor do único dicionario de linguas, Tupí e Guaraní.
Dedicou sua vida a pesquizar sobre a chegada destes povos a America.
Uma pena não ter maturidade suficiente para entender a importancia do que ele
me falava!
Um beijo!

Jorge Pinheiro said...
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Jorge Pinheiro said...

Obrigado Lizete, vou tentar o meu melhor.

Li Ferreira Nhan said...

acompanho,
como de hábito
e
aprendo,
como sempre.
beijo

Li Ferreira Nhan said...

Jorge,
a respeito do Turista Ocidental...
Não continuei a leitura;
ficou faltando ler (imprimir e ler)
o episódio completo Terra dos Lusitanos.
Com o malfadado 6 de fevereiro: com todo o ocorrido, tb houve o apagão que queimou meu outro notebook (com todos os meus arquivos)
e,
depois as "tranquilas férias dentro do hospital";
conclusão, perdi o "fio da meada"...

Estou tentando consertar, recuperar
meus arquivos e ser indenizada pela eletropaulo.
Leva tempo...
O Turista esta lá (salvo até De Lisboa a Sintra), falta Na Terra dos Lusitanos, que pretendo retomar e ler com o conjunto todo.
É só salvar e imprimir!
Simples ?
Nem tanto!
Comprei um novo (o tal macbook)
que levo várias surras diárias para postar algo e lidar com ele.
Vc não faz idéia; virei piada aqui em casa (não consigo dar nenhuma mordida na tal "maçã").
Bem,
escrevi pq senti necessidade de te dar uma explicação.
Vou ler e comentar, claro!
Só não sei quando :(
MAS,
PELOAMORDEDEUS
NÃO O CHAME DE "enlatado"!

beijo