Como já vimos no episódio anterior, a civilização Tupi- Guarani organiza-se basicamente em TABAS (grupo local) que se situavam numa posição intermédia entre a menor unidade vicinal - OCA - e o agrupamento mais vasto - a TRIBO. Os chefes das Tabas - os MORUBIXABAS - não detinham poder coercivo. O seu poder baseava-se na persuasão, não podendo recorrer à força. Tinham tarefas pouco relevantes em tempo de paz, apenas ganhando importância em tempo de guerra.
A instituição colectiva base dos Tupi-Guarani era o Conselho dos Principais. O Conselho era formado pelos chefes das famílias mais extensas e pelos homens mais respeitados nas funções mágico-religiosas (pajés ou xamãs). Aqui se tomavam as decisões sobre a guerra e paz, sobre as alianças e se fixava a data para a execução ritual dos prisioneiros.
A guerra era a instituição fundamental dos Tupi-Guaranis., sendo considerado como o mecanismo central de reprodução social e de manutenção do equilíbrio cosmológico.
Todos os grupos com os quais não houvesse alianças, eram considerados como potencialmente inimigos. As guerras eram endémicas e obedeciam às seguintes motivações: conquista de habitats privilegiados; superação de tensões internas; captura de inimigos. A guerra favorecia o aparecimento de grupos maiores, fraccionando os mais fracos até que sucubissem. Este facto é devidamente observado pelos portugueses quando chegam ao Brasil e devidamente aproveitado, como veremos.
O objectivo primordial consistia em aprisionar, sacrificar e ingerir ritualmente o maior número possível de inimigos. As flechas eram envenenadas com curare ou secreções de rãs. Os combatentes eram os AVA homens entre os 25 e os 40 anos. As flechas eram disparadas a grande distância, acompanhadas de batidas de pés e ruído de pífaros feitos de ossos humanos. Na luta corpo a corpo era usado o Tacape, arma destinada a esmagar a cabeça o inimigo. Os combates terminavam quando uma das facções abandonava o terreno, deixando mortos, feridos e prisioneiros. As Ocas dos vencidos eram incendiadas e os prisioneiros capturados (homens, mulheres e crianças) eram levados. Cada um tinha a sua sorte, como veremos no próximo episódio.
(continua)