BOA BALTAZAR - II

Andámos perdidos nos sinais psicóticos das avenidas da "ex-Expo 98", hoje Parque das Nações. Um amontoado de coisas novas com pretensões a arquitectura avant-garde que fizeram de uma lixeira de petróleo em rama, num dormitório de gente que consome gasolina transformada. O Hotel Tivoli Oriente (passe a publicidade), parece bem. Em obras, claro, mas o que não está em obras em Lisboa?! Aliás, estar em obras é sinal de vitalidade. Quem não está em obras morre! Tudo muito chique. Sentamo-nos. Chega a Fátima lá no bar. Conhecemo-nos logo. Falamos de tudo e nada. Eles vinham estoirados. Um passeio imenso de carro-eléctrico por essa Lisboa desvairada de calor. Faltava o marido e os filhos. Chegaram suados e arrastando umas postas de bacalhau compradas onde ele é bom: na Rua 1º de Dezembro. Um austríaco que gosta de bacalhau... fantástico! O avião saia cedo de manhã. Saem sempre! Ficou quase tudo por dizer, no meio das pizzas de ocasião. Ficou o afecto e a certeza de que haverá mais pizzas. É caso para dizer, como diria a avó de Fátima: "Boa Baltazar".