BRAGANÇA - MÁSCARAS IV

Em Trás-os Montes vive-se ainda o espírito das Saturnais que, em Roma, eram realizadas a partir de 17 de Dezembro. Aqui se integram remanescências de ritos guerreiros e solares de fundo muito arcaico. Nos tempos pré-romanos Trás-os Montes seria habitada por povos asturianos, vizinhos dos Vacceos, por sua vez vizinhos dos Celtíberos, a oriente, e dos Galaicos, a ocidente. Todos estes povos acabaram por ser celtizados, a partir de 500 a.C. Este espírito e estas tradições rituais permaneceram no período romano e foram absorvidas. O nome Brigantia vem, obviamente, dos celtas. Sempre houve aqui um fortíssimo culto mítico-religioso relacionado com  o culto do pão, da água, e, sobretudo, do fogo. As Fogueiras do Galo (Natal) e de Ano Novo são disso exemplo. Todos estes rituais ocorrem nos doze dias que vão do Natal ao Dia de Reis. São rituais solsticiais. Seis meses depois chega-se ao momento dramático. A noite aumentou e parece tragar por completo o dia. No solstício de Inverno o Sol Invicto, a Luz de Fogo, reage. Os dias aumentam de novo. A Luz vence as trevas. Todos os grandes deuses solares nascem nesta data: Agni; Hórus; Mithra; Cristo... A vitória da Luz passa-se num mundo oculto, sempre ritualizado de forma esotérica. Uma relação entre o mundo invisível, onde vivem os deuses e os antepassados, e o mundo dos humanos. Esse culto cultivado inicialmente por elites, ganha tradições populares que se mantêm. Portugal é um "Museu Vivo".