JOGO DE SOMBRAS

Custa a acreditar como num país à beira da falência e absolutamente ingovernável ainda haja quem queira o poder. Ou será que não querem e estão a disfarçar? A chutar as culpas uns para os outros? Depois do patético espectáculo negocial do Orçamento de Estado, cuja foto de assinatura ficou exclusivamente no telemóvel do negociador Catroga, chega-se à conclusão que nada foi negociado. Os cortes na despesa acabam por ter de ser negociados na especialidade na Assembleia. Mais uma semana em que o rating do país baixou, o crédito bancário subiu, as acções das empresas desceram a pique, os mercados desconfiam, os especuladores aproveitam. E andaram uma semana nisto?! O vulgar e idiota cidadão que eu sou interroga-se sobre o que quer esta gente. Dar cabo deliberadamente do país? Continuar a ter mordomias? O poder pelo poder? Ter ataques de coração? Aumentar os cabelos brancos? Já ponho as hipóteses todas. Já não entendo o nível de irresponsabilidade a que se chegou. Ultrapassa a vulgar luta de poder. Estamos perante um jogo de sombras sem Sol, sem luz, sem alma. Um contra-luz surrealista, em que ninguèm se entende.