15.4.11

AFINAL A QUEM PERTENCE O BANCO CENTRAL EUROPEU (BCE)


MAS AFINAL PORQUE É QUE O BCE EMPRESTA O DINHEIRO A 1% AOS BANCOS PARA ESTES EMPRESTAREM AO NOSSO PAÍS A 8%.? AFINAL A QUEM PERTENCE O BCE?

A verdade é que o Banco Central Europeu, pouco ou nada tem a ver com a União Europeia. Ao juntar os termos "Central" e "Europeu", a ideia era transmitir a sensação de que este fosse o banco da União. E a ideia passou. Mas a verdade é bem diferente. Se ainda existirem dúvidas acerca da total independência do BCE, é bom ler o Artigo 130 (ex-artigo 108 do TCE):
No exercício dos poderes e no cumprimento das tarefas e deveres que lhes são conferidos pelos Tratados e pelos Estatutos do SEBC e do BCE, nem o Banco Central Europeu, nem os bancos centrais nacionais, nem qualquer membro dos respectivos órgãos de decisão podem solicitar ou receber instruções das instituições, órgãos ou agências da União, dos governos dos Estados-Membros ou de qualquer outra entidade.

Por outro lado, no documento de 18 de Dezembro de 2003, assinado pelo Presidente Jean-Claude Trichet e publicado na Gazeta Oficial da União Europeia (15.1.2004 L 9/28), resulta que "das percentagens detidas pelos bancos centrais europeus no esquema de subscrição dos capitais do Banco Central Europeu",  é possível observar A QUEM PERTENCE, de facto, o BCE:

Nationale Bank van België/Banque Nationale de Belgique 2,8297 %
Danmarks Nationalbank 1,7216 %
Deutsche Bundesbank 23,4040 %
Bank of Greece 2,1614 %
Banco de España 8,7801 %
Banque de France 16,5175 %
Central Bank and Financial Services Authority of Ireland 1,0254 %
Banca d'Italia 14,5726 %
Banque centrale du Luxembourg 0,1708 %
De Nederlandsche Bank 4,4323 %
Oesterreichische Nationalbank 2,3019 %
Banco de Portugal 2,0129 %
Suomen Pankki 1,4298 %
Sveriges Riksbank 2,6636 %
Bank of England 15,9764 %

E já agora, a quem pertencem os bancos Nacionais?
Também neste caso a resposta pode parecer óbvia: tal como o Banco Central Europeu deveria pertencer à União Europeia, assim os bancos centrais nacionais deveriam pertencer aos vários Estados nacionais. Deveria ser, mas não é. Não é fácil descobrir os accionistas, a informação não está disponível. Mas atente-se no exemplo da Banca d' Italia e vejam alguns dos participantes, com as participações e percentagem de votos:
Intesa Sanpaolo S.p.A. 91.035/50
UniCredit S.p.A. 66.342/50
Assicurazioni Generali S.p.A. 19.000/42
Cassa di Risparmio in Bologna S.p.A. 18.602/41
INPS 15.000/34
INAIL 2000/8
Banca Carige S.p.A. - Cassa di Risparmio di Genova e Imperia 11.869/27
Banca Nazionale del Lavoro S.p.A. 8.500/21
Banca Monte dei Paschi di Siena S.p.A. 7.500/19
Cassa di Risparmio di Biella e Vercelli S.p.A. 6.300/16
Cassa di Risparmio di Parma e Piacenza S.p.A. 6.094/16
Cassa di Risparmio di Firenze S.p.A. 5.656/15
Fondiaria - SAI S.p.A. 4.000/12
Allianz Società per Azioni 4.000/12
Cassa di Risparmio di Lucca Pisa Livorno S.p.A. 3.668/11
Banca delle Marche S.p.A. 2.459/8
Milano Assicurazioni 2.000/8
Banca Carime S.p.A. 500/5
Società Reale Mutua Assicurazioni 500/5
Banca CARIPE S.p.A. 8/
Banca Monte Parma S.p.A. 8/
etc, etc....

Total quotas: 300.000; Total votos: 539

No meio desta floresta de bancos privados é possível encontrar duas participações do Estado Italiano: INPS, com 15.000 quotas e 34 votos, e INAIL, 2.000 quotas e 8 votos. Assim, no total, o Estado é representado no Banco Central Italiano com 42 votos, menos de 10%.
Este esquema repete-se na maior dos bancos centrais nacionais que, de facto, são privados.

Mas a quem pertencem os bancos privados? Aqui o caos informativo é intencional. Os bancos não pertencem a uma pessoa mas a conjuntos de accionistas que, por suas vezes, pertencem a outros accionistas. Apenas um exemplo: o Banco Unicredit, conta entre os próprios accionistas um banco líbio, o grupo Allianz (Alemanha), um banco inglês com um cadastro assustador ( o Barclays que ajuda o governo do Zimbabwe; tem acusações de reciclagem de dinheiro, envolvimento no comércio de armas, etc...), uma sociedade americana (BlackRock, de fama na "bolha" de 2008 e na crise do subprime), com um participação inglesa (Merlin Entertainments), a Autoridade de Investimentos da Líbia!!!

Resumindo: o BCE é privado. Uma nebulosa de percentagens e informações de difícil obtenção e de quase impossível  persecussão serve de protecção e afasta os curiosos Dificulta o controle. E foge às malhas da regulação nacional.  Tudo se perde num jogo de percentagens de empresas espalhadas pelo globo. Malandros à solta... E são sempre os mesmos.


2 comments:

Anonymous said...

Jorge, como ENTENDE$ tanto de Banco$ ?????

Jorge Pinheiro said...

Eduardo: temos de preparar a campnha. Os debates estão a chegar.