15.4.11

LABIRINTO

Estamos num labirinto. A moral não é boa educação. A ética não é cumprir regras de trânsito. A caridade não é dar moedas em peditórios. A honestidade não é dar o troco certo. Cidadania não é assinar petições electrónicas. Roubar não é assaltar um banco. Matar não é apenas tirar a vida. Há gente que perde a alma todos os dias. Gente que sofre. Sofre mais do que a morte permite. Gente na depressão da inutilidade. Gente ignorada que morre sozinha. Há gente que paga impostos sem ter pão para comer. Todos os dias há um assalto do Estado. Todos os dias pagamos juros para satisfazer a ganância de especuladores e banqueiros. Dizem-nos que é o Estado Social. Dizem-nos que é a Defesa Nacional. A Justiça. A Educação... Dizem o que querem. O que lhes apetece. Que podemos fazer? Mesmo sem acreditar, o labirinto está lá. Compramos, consumimos... A felicidade no cartão de crédito. A utopia na ponta dos dedos. E as Ilhas Maldivas aqui tão perto... O labirinto somos nós. Não arriscamos ser Homens. Não queremos parecer mal.  Esgotamos a coragem no voto. Masturbações de democracia. Hipnoses de regime. Discussões da treta. Há em nós um labirinto, um nó górdio. Precisamos da espada certa. Uma espada que corte e ilumine. Até quando?

4 comments:

Fátima Santos said...

belo texto!

daga said...

"Não arriscamos ser Homens" - é uma verdade terrível mas inquestionável. Estamos eternamente preocupados pelas aparências ("Não queremos parecer mal") como muito bem dizes! Mas houve alturas na nossa história que conseguimos sair do aperto (por mais estranho que pareça)por ex: livrámo-nos dos Filipes, restaurámos a independência! Pode ser que nos dê assim uma fúria qualquer ;)

beijo

Jorge Pinheiro said...

Graça: Pode ser, mas está difícil.

Jorge Pinheiro said...

Mª de Fàtima: um obrigado "levantino".