21.6.11

NAQUELE TEMPO

Tinha comprado uma velha carrinha Morris em 5ª mão, daquelas que andam permanentemente engasgadas e pegam de empurrão. Arrancava num turbilhão de fumo. Uma poluição de gasóleo puro.  Tinha uma incorrigível tendência para fugir para a esquerda, fruto de acidentes do seu vetusto passado. Lá dentro passava-se tudo. Dormia-se, comia-se... enfim, tudo. Percorri o pais no abastecimento para o restaurante. Eram pipas e garrafões de vinho. Ia a Nelas comprar por atacado. Do Alentejo trazia queijos de cabra e de ovelha. Duas vezes por semana ia à Praça da Ribeira ou ao Mercado Abastedcedor, ali ao Campo Grande, abastecer de peixe e vegetais. Por isso não se admirem se ainda hoje souber escolher um goraz ou se conhecer uma recôndita estrada secundária atrás das moitas...
Fotografia de Raul Barbosa (1975)

6 comments:

myra said...

belissima foto!
que saudades voce deve de ter...

daga said...

o esforço é grande... mas a alma NÂO é pequena!!

beijo

Maria Climénia Rodrigues said...

....E não era havia o piquenicão do Continente com o "herói Nacional, Tony" para tentar entorpecer as mentes.... Como é que conseguias sobreviver sem esses heróis e esses piqueniques Jorge, o Mundo dá tantas voltas...
É muito bom ler o teu blogue, e viver esses momentos saborosos com o cheiro do nosso país......

João Menéres said...

Já não me admiro de nada que meta o JORGE !

Jorge Pinheiro said...

Myra: saudades, sem dúvida. Nem parece que era eu. Parece noutra encarnação.

Jorge Pinheiro said...

Climénia: gosto e "ver-te". Obrigado pelas palavras.