1.11.11

NEM TODOS OS SANTOS

O Acordo da semana passada para salvar (?) a Grécia vai ser submetido a referendo. Ninguém sabia. A iniciativa apanhou de surpresa todos os parceiros europeus. A eventual vitória do “não” no referendo pode fazer o país entrar em incumprimento financeiro e lançá-lo definitivamente na bancarrota. A saída da Grécia da Zona Euro parece ter um fim anunciado.
À medida que o tempo passa multiplicam-se as manifestações de desagrado pela iniciativa de Georgos Papandreou, que oscilam entre a crítica e a quase pressão para que o chefe do governo grego arrepie o caminho. Os "mercados" entraram em paranóia com a notícia. Se houver recuo do governo, teme-se a revolta popular. As tensões acumulam-se. As chefias militares gregas foram todas substituídas há poucas horas. Há hipótese de um golpe de Estado.
O governo de Madrid classificou a decisão como uma “má notícia” para Espanha e para a Europa. Também numa situação vulnerável, o governo italiano considera que a iniciativa grega aumenta a incerteza que reina nos mercados.
Em Roma e em Paris foram convocadas reuniões de emergência. Na Holanda os partidos que apoiam o governo ameaçam não ratificar o acordo alcançado pela Zona Euro na semana passada e que, entre outras coisas, incluía o novo pacote de empréstimos à Grécia. Merkel e Sarkozy falaram ao telefone e anunciaram que os acordos estabelecidos devem ser cumpridos.
Entretanto, Papandreou foi praticamente intimado a deslocar-se amanhã a Cannes, onde o assunto será discutido à margem da cimeira do G20, que tem início naquela localidade francesa a partir de quinta-feira.
As próximas horas parecem ser decisivas para selar o futuro da Grécia e provavelmente também da Zona Euro.

14 comments:

João Menéres said...

Estou convencido que foi uma idéia que o Papandreou achou que podia tomar para defesa da sua posição na própria Grécia...
E ainda dizem que temos um governo não preparado!...

Li Ferreira Nhan said...

"Presente de grego"

Li Ferreira Nhan said...

Ameaça, oportunismo, coragem?
...
Que medo.
:(

Anonymous said...

Quem poderia prever uma crise dessas há tão pouco tempo atrás???? A Zona do Euro não merecia! Ontem almocei com um amigo alemão, e que mora na Espanha, e sua definição sobre o fracasso da Zona do Euro se resume no seguinte: "Não há como colocar no mesmo cesto gente que trabalha e vagabundos!" Por essa ótica a Grécia irá cair fora, com certeza!

Fátima Santos said...

eu não entendo a ponta dum corno, diria eu se fosse de dizer nomes feios, mas direi antes que não entendo nada de nada deste enredo.
Lá ter perguntas, isso tenho, e nem sei se são perguntas inteligentes, tal é o meu descompasso nisto tudo
questões assim como as que coloco como exemplo das minhas angústias que são sobretudo sentir-me ignorante num assunto
em que é que o referendo afecta os mercados?! em que é que o não aos acordos da Troika faz tremer a Europa?! porque raio esse medo das posições da Grécia?! é porque ela deve muito e a banca necessita desse dinheiro como pão para a boca?! ou é porque se a Grécia não aceitar o perdão em x% da dívida, a banca (e a Europa?!)deixam de ter abaixamentos no IVA e no IRS por não serem mecenas (ou patricionadores?!)não é nada disso?!então porque raio andam tão aflitos com a Grécia e nem falam da gente que tb devemos?! é porque o Barroso está na chefia da Comunidade?! ah! é porque nos temos portado com preceito sem manifestações de rua, e com um governo em vénia permanente?! é isso?! mesmo assim não entendo tanto receio - pode haver um conflito armado?!
o que eu entendo é que os gregos andem marafados com a vida que lhes corre a descontento (e parece que antes viviam à tripaforra, mas isso dava até jeito aos cá da Europa e à banca, ou não dava?!ou os empréstimos eram só para enganar assim como casca de banana em chão de sala?!)
eu não percebo a ponta dum chavelho disto, a sério mesmo! e não tenho a quem pergunte, e não aprendo nada a ler jornais, que uns dizem assim e outros dizem o oposto, e eu baralho-me
se pudessem, aqui no expresso, abrir um post periódico (de início terá que ser diário para me por ao corrente antes que a Grécia entre em convulsão total e arraste- é o que oiço- Portugal e a Europa para um buraco fundo e eu quero estar preparada
agradeço o que possa por aqui ser feito em prol da minha sanidade

Fátima Santos said...

ah! esqueci-me de finalizar com um
MUITO OBRIGADO! :)

Jorge Pinheiro said...

Fátima: quem sou eu para entender. Mas vamos discutindo. A luz pode ser que venha.

Jorge Pinheiro said...

Eduardo: entendo o comentário alemão. Mas se fosse assim tão simples. Acontece que as reformas da Alemanha e França (nomeadamente na aposentação) demoraram quase uma década. Pretende-se que a Grécia as faça em menos de um ano. Surreal! Enquanto isso, a França vendeu alegremente helicópetros e fragatas à Grécia e a Alemanha, submarinos. A hipocrisia é uma constante da economia internacional. Coitados de nós!

Li Ferreira Nhan said...

Fátima,
pertinente e "adorável" seu comentário.
Deixando de lado todo o sério conteúdo, vc usa uma fala tão rica, peculiar,
tão única que quase consigo ouvir o som da sua voz que infelizmente eu desconheço. Já o tom esta pra lá de claro.
ADORO como vc se expressa!
Amo mesmo de paixão!
um beijo

Jorge Pinheiro said...

Nem o povo grego estava à espera!

Li Ferreira Nhan said...

Jorge e Edu,
quando aí estive de férias (vcs sabem, em junho) convivi com os pepinos assassinos, os indignados do 15-M da Pueta del Sol entre outros.
Escutei frequentemente um comentário discreto, uma crítica muito incistente que uns trabalham muito, outros descansam demais e outros tem muitas folgas, e alguns outros tantos feriados e férias...
Na minha quase total ignorância acerca dessa crise instalada fui uma turista numa zona em clara turbulência.
Com a percepção hiper aguçada,
com meus olhos muito atentos (e eu nem consegui desenhar dessa vez) e ouvidos idem o que eu senti muito evidente é que alguns povos da zona do euro tem a memória muito curta, e outros não querem que se fale do passado.
Outros são muito espertos, outros consequentemente são quase ingênuos.
Alguns inconsequentes falam demais e o que lhes convém.
Uns acham que trabalham em demasia, muitos trabalham em demasia,
outros se calam e continuam a trabalhar muito
e outros enxergam oportunidade nessa crise e trabalham mais ainda. Poucos não trabalham, só mandam.
Vi muita gente triste, muita gente com medo.
Pessoas indiferentes.
Gente carinhosa e acolhedora.
Mas pela primeira vez eu nunca vi tanta gente sem educação e arrogante pela Espanha, Portugal, França e na Sardegna.
Eram sempre os mesmos; ingleses e alemães. É fato. Eu vi, ninguém me contou.
Por que eram sempre eles os piores turistas? Não sei.

Realmente não dá pra colocar no mesmo cesto essa gente.

Um beijo pra cada um!

Jorge Pinheiro said...

Li: uma análise bem feita e interessante. Uma visão de alguém que vem de fora, mas que nos conhece. Tudo o que diz é verdade, mas a arrogância é, infelizmente, própria da natureza humana. Os que se julgam fortes abusam. E, no caso do turismo, quem faz isso são gente de baixa cultura, agora com dinheiro para viajar. Para além de tudo o que diz, a situação é bem mais complexa e pouco, muito pouco, tem a ver com quem trabalha mais ou menos. É mesmo uma questão global e financeira. Um misto de especulação desenfreada e fim de ciclo.

myra said...

complicado...acho que foi devido a um capitalismo selvagem...e a globalizaòao desta...mas quem sou eu a julgar, nao entendo mto bem de economia...

Jorge Pinheiro said...

Myra: se calhar ninguém entende!