15.11.11

VIAGEM À TERRA OCA - III

Fomos descendo. Apalpando paredes húmidas e escorregadias. Uma luz filtrada. Cada vez mais escura. Estratificações fracturadas. Galerias fósseis... Continuamos a descer. A luz há muito desapareceu. Um ambiente cavernícola. O som tem um eco surdo. Apodera-se de nós uma claustrofobia esmagadora. Corredores. Galerias. Labirintos. Uma visão negra do infinito.  A água cai do tecto em pingos de estalactite. A vida parece não poder existir... De repente o ar aquece. O tecto sobe por cima de nós. Corre um vento manso. Um cheiro doce. Um vago odor a maresia. Uma luz intensa ofusca-nos os sentidos. Ao fundo, muito ao fundo, uma clareira enorme abre-se sobre o vazio. Pressentimos um continente novo. Uma  calma radiosa apodera-se de nós. Não sabemos se estamos em cima ou em baixo. Perdemos o corpo... 

4 comments:

Maria de Fátima said...

majestoso
quero mais
detesto folhetins
mas aguardo serena

João Menéres said...

Entre uma claustrofobia esmagadora e uma calma radiosa, eu prefiro ser apoderado por esta última, embora não sofra daquela, nem de vertigens.

myra said...

eu sofro de vertigens e de claustrofobia...
mas acho fantastico todo estes posts que esta pondo aqui, estes dias...eu mesmo aqui nao sei se estou em cima ou embaixo:)))
bjs

Li Ferreira Nhan said...

Essa estória de "luz no fim do túnel, vá de encontro a luz..."
me dá arrepios!