15.3.12

SER POLÍTICO - DIREITOS ADQUIRIDOS

Para muitos o Estado deve ser excepção. Para outros deve ser a regra. Quanto menos Estado melhor Estado. Um slogan que se ouve nas entrelinhas do liberalismo envergonhado e do socialismo de gaveta. Um falso problema. A verdade é que a distinção está entre pobres e ricos. Gente que precisa do Estado para ter saúde, paz, pão, habitação e gente que não precisa do Estado Social. É assim e sempre será assim. A não ser que se queira voltar ao feudalismo. A democracia faz-se da extensão de benefícios sociais aos “desfavorecidos”. Essa é a essência dos regimes democráticos. A democracia não é igualdade no voto. É igualdade de oportunidades, de direitos e de deveres. A democracia é a classe média. O Estado Social foi a conquista do post-guerra. O projecto Europeu é o Estado Social. Houve erros? Má gestão? Estratégias mal desenhadas? Choques petrolíferos? Quedas de muros?... Sim, claro. Mas, estar agora a culpar os “direitos adquiridos” é o mesmo que dizer que a democracia só existe para proteger os fortes

16 comments:

Fatyly said...

Tal e qual e gostaria de ter escrito com esta clareza......posso subscrever?

Jorge Pinheiro said...

Claro.

João Menéres said...

Mais uma análise transparente.
Como o costume, não discordo de nada do que li.

Um abraço.

Teresa Diniz said...

Infelizmente, parece que assim é, neste momento.
Excelente texto, concordo.

myra said...

voce neste texto colocou o que , acho, os 90% das pessoas pensam!
otimo!

Selena Sartorelo said...

Olá Jorge. Bom dia.

Nesses últimos dias tenho pensado muito nessa senhora chamada democracia. Perdoe-me a ignorância, imagino que fala de fatos pertinente ao seu Estado. Porém as semelhanças de pensamento e comportamento existentes nessa essência cabe muito em momentos vividos aqui. Uma democracia que deveria exibir na vestimenta uma elegância sincera e séria. Sinto como se tudo perdesse o real significado quando vemos o sentido da palavra ser tão banalizado. A ética humilhada justamente por essa uma média oportunista,acomodada e mal informada. Não são as duvidas que assolam e inquietam a mente da gente, mas sim as certezas.

GUGA ALAYON said...

no ponto da ferida que não cicatriza. Belo post.

Jorge Pinheiro said...

Seleana: é simples. A democracia no sentido ocidental fez-se na conquista de direitos aos "ricos". Sempre que há uma crise a questão renova-se. Os ricos não querem pagar a crise. É assim em todo o lado (excepção, talvez) nos países escandinavos, onde a igualdade é já quase total.

byTONHO said...



DEMO...práticas!

:o)

daga said...

Infelizmente, às vezes, sinto que esta democracia em Portugal está cada vez mais parecida com uma espécie de "feudalismo" - poucos privilegiados e a maioria cada vez mais pobre, tendo de se sujeitar a empresas como "manpower" para arranjar emprego...servos da gleba de novo.

Li Ferreira Nhan said...

Texto lúcido e corretíssimo Jorge.
Direito adquirido é legítimo e ponto final.
Demogracia...
Do grego demokratía, -as, governo do povo.
Governo em que o povo exerce a soberania.(ponto final)

Por falar em grego, que tal devolver todas aquelas estátuas e arte grega que lota o Museu Pergamon em Berlim.
Melhor, devolve o Pergamon inteiro! Esses ricos tem a memória convenientemente curta!

Jorge Pinheiro said...

Li: e não ficará mais bem guardado em Berlim? Os gregos ainda vendem aos chineses.

Li Ferreira Nhan said...

O futuro...
Já pensou que os chineses podem comprar dos alemães?
O mundo dá voltas!

Jorge Pinheiro said...

Pois... A Hermínia Silva cantava o "Fado Chinês".

Anonymous said...

Questão não é a culpa disto ou daquilo mas sim se há recursos para sustentar indefinidamente democracias onde toda agente tem direitos adquiridos. As democracias ocidentais sustentaram-se colonizando outras sociedades
Ortega

Jorge Pinheiro said...

Claro, mas para defender os fortes é que não foi. Por isso, há por aí uns direitos adquiridos que deviam cair primeiro que os outros. Passa-se o contrário.