6.11.12

FERNÃO DE MAGALHÃES - SABROSA

Fernão de Magalhães nasceu no norte de Portugal, cerca de 1480. A vila de Sabrosa, a freguesia da Sé do Porto, Vila Nova de Gaia e Ponte da Barca reclamam a sua naturalidade. Era filho de Rui de Magalhães e de Inês Vaz Moutinho.

Na nossa recente viagem a Vila Real resolvemos investigar este disputado nascimento. Saímos na primeira rotunda à direita, em direcção à segunda rotunda à esquerda e seguimos a direcção Sabrosa. Doze quilómetros à frente, a pequena e simpática vila apresenta nova rotunda engalanada com a estátua do navegador, no meio de uma chuva inclemente e alterosa. Se dúvidas houvesse, a toponimia não engana e o cabo telefónico é, indiscutivelmente, do século XV. A investigação foi rápida que o tempo não estava para mais.
 
Esta é a casa de mestre Fernão. Segundo diz a tradição, foi aqui que o menino, cansado de olhar as vinhas e as couves tronchudas, decidiu procurar outros horizontes e partir pelo mar que ele nunca tinha visto e onde morreu longe do agasalho paterno. A casa apresenta bons indicadores de conforto e um coeficiente de vetustez assinalável. Tudo boas razões para o homem ter ficado na terrinha. E, no entanto... 
 
A zona de Sabrosa fica na região demarcada do Douro. Não sabemos como seria na época. Mas hoje quem aqui mora não anda de caravela. Com este magnífico BMW, Fernão não navegaria na circum-navegação, mas teria ar condicionado, vidros de abrir e GPS. Tudo razões excelentes para ter continuado a ver as couves e a apanhar uvas. Mas Deus não quis e a obra avança.
 
"Fernão de Magalhães, mais do que um homem é um conceito. Um conceito de superação e de transcendência. Em todos nós há uma vontade de partir. De ir mais além. Um desejo de largar amarras. De navegar em busca do desconhecido. Partir para lá dos limites. Excedendo os nossos sonhos. Partir numa aventura que nos redima. Que nos eternize. Que nos imortalize. Por isso, Fernão de Magalhães somos todos nós. A aventura que podíamos ter sido, a viagem que podíamos ter feito, tudo aquilo que nunca fomos".
Excerto do prefácio que escrevi para o livro de Aloísio de Almeida Prado, "A Maior das Viagens", cuja edição se espera para breve.
 

6 comments:

Anonymous said...

Ao ler esse magnífico prefácio, no seu todo, cheguei a me emocionar. Ninguém escreveu tão bem a respeito do Aloísio e seu Fernão de Magalhães. Que venha o livro.

Li Ferreira Nhan said...

CARAMBA!!!!

Não sei nada do Aloísio.
Do Fernão pouco sei porque pouco se conta injustamente.
E você Jorge, como de hábito, barbarizou!
Que venha o livro (2).

João Menéres said...

Com que então mais um prefácio, Jorge ?
Qualquer dia faz o do Relvas !!!
LOL

Achei de génio esta sua tirada :

" o cabo telefónico é, indiscutivelmente, do século XV."

Um abraço de circunnavegação.

peri s.c. said...

Não tinham IPods, IPads, Iquaisquercoisas, Tvs, restaurantes badalados, as BMWs e etc. Só lhes restavam o mar e os mistérios do mundo.

Excelente post.

Fatyly said...

Bem ao teu estilo...só pode e adorei!

Venha o livro:)

Jorge Pinheiro said...

O Aloísio diz que esta a avançar na edição. Eu só mandei umas bocas.