8.1.13

BOLO REI



A origem do bolo rei remonta ao tempo dos romanos. Estes tinham por hábito eleger o rei da festa durante os banquetes festivos, o que era feito tirando à sorte com favas, pelo que era também designado por vezes de "rei da fava". A Igreja Católica aproveitou o facto de aquele jogo ser característico do mês de Dezembro e decidiu relacioná-lo com a Natividade e com a Epifania, ou seja, com os dias 25 de Dezembro e 6 de Janeiro. A influência da Igreja na Idade Média determinou que esta última data fosse designada por Dia de Reis (Magos) e simbolizada por uma fava introduzida num bolo.
O bolo rei actual terá surgido na corte de Luis XIV, em França, para as festas do Ano Novo e do Dia de Reis. Com a Revolução Francesa em 1789 o bolo rei foi proibido, só que os pasteleiros, que não quiseram perder o negócio, em vez de o eliminarem decidiram continuar a confeccioná-lo mudando-lhe o nome para Gâteau dês Sans-Cullotes.
O bolo rei popularizado em Portugal no século passado segue uma receita originária do sul de Loire, um bolo em forma de coroa feito de massa lêveda. Tanto quanto se sabe, a primeira casa onde se vendeu bolo rei em Portugal foi a Confeitaria Nacional, em Lisboa, por volta de 1870. No Porto, o bolo rei foi introduzido em 1890, por iniciativa da Confeitaria Cascais.
Com a proclamação da república, em 5 de Outubro de 1910, a existência do bolo rei ficou em risco por causa do nome conter a palavra "rei". Os confeiteiros continuaram a fabricar o bolo sob outra designação: "bolo de Natal" ou "bolo de Ano Novo". Não contentes com nenhuma destas designações, alguns republicanos passaram a chamar-lhe "bolo Presidente", ou mesmo "bolo Arriaga".
A pouco e pouco Bolo Rei voltou a ganhar o seu nome, mas desde há uns anos perdeu a "fava" e o "brinde", fruto de uma higienização que não olha a tradições. Felizmente, hoje já há pastelarias que têm bolo rei o ano inteiro. O Natal é quando um homem quiser.

14 comments:

Silvares said...

A igreja católica nunca perdeu uma oportunidade de se apropriar de tradições razoáveis. Nos dias que correm parece querer colocar-se (finalmente!!!) do lado dos mais fracos em oposição aos poderosos. O que nos reserva o futuro próximo? Haverá espaço para um Bolo Papa?

Fatyly said...

Subscrevo as palavras de Silvares...mas mais depressa surgiria um Bolo Cardeal do que Papa:):):)

Não sou grande apreciadora, mas de vez em quando sabe bem comer uma fatia.

Não se incluis na "higienização" o perigo que era a fava e o brinde, ou seja se fores ao Hospital da Estefânia verás um painel de "brindes" (julgo que ainda existe) retirados do estômago de crianças(eu fiquei pasma quando por lá andei com a minha filha mais nova) e a fava causava sufocações até em adultos.

Gostei da narrativa e da foto só comia aquela casca de laranja:)

Anonymous said...

Rui foi ótimo!!!
E a história toda dos nomes...
Acho que aqui a folia é outra e nem deve haver bolos. Só farra mesmo. Como de hábito.
Já o bolo, ando mesmo gulosa; gostava provar. Com ou sem favas.
Li Ferreira Nhan

Jorge Pinheiro said...

Eu adoro bolo rei. As favas eram bem chatas. Dava para partir um dente. E os brindes com papel a enrolar? Outros tempos.

Jorge Pinheiro said...

Li: não há bolo rei no Brasil?! Nem nas padarias portuguesas?

Anonymous said...

Se há nunca comi e nunca houve esse costume na família. Bem, meus avós portugueses tinham certas restrições e teorias mto particulares acerca de padres, igrejas... E advogados ;)
Li

Jorge Pinheiro said...

Mas isto não tem a ver com padres, mas antes com favas :))

Anonymous said...

Melhor mandar as favas todos os padres! Mas só os padres!
;)
Li Ferreira Nhan

Anonymous said...

Ui, quase quebrei a dentuça, ca fava ...
Tá bem, pronto, pró ano pago e trago o Rei, na mão. Há muitos que andam com ele na barriga, o ano inteirinho ...

Bom ano para todos.

João Menéres said...

Quando era quase adolescente, um tio mandava colocar uma libra em ouro no Bolo Rei !
O Bolo Rei comia-se bem depressa, puxa ! E logo vinha outro no dia seguinte com outra libra em ouro !!! Isto, até ao Dia de Reis !

Outros tempos ( e nunca ninguém se engasgou ! )

Jorge Pinheiro said...

É bem verdade. Outros brindes.

myra said...

eu nao conheco...deve ser bom...
gostei o que diz Li: mandar as favas. etc....

Paulo said...

Foi o meu trisavô que foi buscar a receita do bolo rei a França. Infelizmente a Confeitaria Nacional ficou para os primos.

Jorge Pinheiro said...

Bem me parecia, mas não tinha a certeza.