Melzek era loiro, de olhos azuis. Um homem de meia-idade.
Entradas profundas num cabelo a rarear. Mais magro do que gordo. Nem bonito,
nem feio. Nem alto, nem baixo. Um turista normal. Perfeitamente normal. Tão
normal que ninguém daria por ele. Estava em Lagos há dois meses. A cidade
habituara-se a ele e ele à cidade. Sabia os seus ritmos e o seu pulsar. A faina
madrugadora da pesca. Os barcos apinhados de turistas que saiam da Marina em
direcção às grutas da Ponta da Piedade. Os bandos de jovens que deambulavam pela
cidade agarrados a uma cerveja de litro. As noites que começavam cedo e
acabavam tarde. Bares com música "drum and bass". Restaurantes com
filas de turistas esperando pelo hamburger com batatas fritas. Melzek nunca ia
duas vezes ao mesmo restaurante. Não frequentava bares. Falava pouco. O
essencial para ser entendido. Durante dois meses não ficou íntimo de ninguém.
No prédio onde morava havia muitos estrangeiros. Alguns em turismo, outros
residentes. Ninguém reparava nele.
(continua)
(continua)
3 comments:
Não poderá estar muito mais tempo em Lagos.
Vai começar a repetir restaurantes.
Ou muda de vida ou de mania.
Ele comia muito em casa :))
passar despercebido é difícil numa terra pequena...mas ele lá tem as suas técnicas...
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