20.12.13

OPERAÇÃO CAÇÃO - XXIV

O pedido de ajuda era informal e pessoal. Mas Moema, rapidamente, assumiu a investigação como oficial. Resolveu considerar como verdadeiras todas as suposições e especulações do “Gordo”. E a ser assim, só havia uma ilacção a retirar: o alemão era o bombista; o francês o mandante; o brasileiro o vendedor do explosivo. Moema chegou a Imbituba no dia seguinte. Na delegacia local, um polícia velho e indolente insistia que ali era tudo boa gente. Acabou por lhe dar uma lista de moradores, avisando logo que muitos estrangeiros tinham vindo para ali nos últimos anos. Estrangeiros, para o polícia, eram os brasileiros de outros Estados do Brasil. Não os conhecia todos, mas desconfiava deles por definição. Deram uma volta de jipe pela região e duas ou três casas chamaram a atenção de Moema. Particularmente uma delas, pela impenetrabilidade, ficou na retina de Moema. A lancha rápida estacionada no porto, com dois motores de 500 cavalos cada, também chamou a atenção da inspectora. Com a ajuda dos serviços centrais em São Paulo, rapidamente soube que quer o imóvel, quer a lancha, estavam em nome de sociedades off-shore e cada um dos bens em sociedades diferentes. E isso contribuiu, ainda mais, para lhe aumentar as suspeitas. A casa e o barco passaram a ficar sob vigilância discreta. E foi essa vigilância que surpreendeu Moema. Um carro cinzento saiu da propriedade a grande velocidade. Moema apontou os binóculos e pode ainda distinguir o condutor, um mulato grande com aspecto de pugilista e, ao lado, uma figura inegavelmente conhecida: Valdemar. Aquela silhueta pequena e frágil, não mais lhe saíra da memória desde o interrogatório no caso Silvinha Arantes, a que ela assistira atrás do vidro. Ele acabara por ser libertado por falta de provas, mas ela nunca deixara de suspeitar dele. E, agora, ali estava ele. Estranho, muito estranho.
(Continua)

6 comments:

daga said...

e a história continua...agora no Brasil! A foto é de lá? muito gira :))

myra said...

de onde e? gostei e continuo...

Jorge Pinheiro said...

A foto é mesmo de Imbituba. Eu estive lá. No final saberão quem são as personagens em que me inspirei. Todas existem.

João Menéres said...

Até a casa !

Jorge Pinheiro said...

A casa foi ao calhas.

Anonymous said...

Viva Imbituba!