3.2.14

OPERAÇÃO CAÇÃO - XXXVIII


Eram seis da manhã quando a polícia de Bruxelas invadiu o apartamento de Michel. Ao mesmo tempo, os restantes líderes belgas da “Irmandade Branca” eram detidos nas suas casas. Jean-Baptiste Lefèvre era preso num hotel de Bordéus. A identificação do número de telefone de Michel, depois da mensagem de Macau recebida de Valdemar, mais as provas circunstanciais recolhidas pela equipa do inspector Joaquim Ribeiro, foram suficientes para lançar um mandado internacional. A “Irmandade Branca” há muito que era considerada perigosa e estava vigiada. No entanto, talvez por cumplicidades e simpatias dentro da polícia e da magistratura, sempre saía ilibada das acusações que lhe imputavam. Aliás, a ideia de uma “nova cruzada” contra a crescente influência islâmica na Europa, em especial na França, tinha cada vez mais adeptos. Mas, agora, a questão era mais séria. Um atentado. Mortos. Feridos. Destruição... Nem as simpatias políticas ou policiais mais poderosas os podiam salvar. Curiosamente, ao serem descobertas as intenções da “Irmandade”, todo este esforço para desacreditar o Islão acabava por funcionar completamente ao contrário. Lamentavelmente, os grupos de poder islâmicos sediados na Europa podiam comemorar. Paradoxalmente, a Al-Qaeda saía a ganhar sem ter mexido uma palha. Faltava, no entanto, uma prova concludente para acusar a “Irmandade Branca”. Ou a confissão dos arguidos, ou a ligação ao autor directo do atentado, ou a ligação à compra de explosivos. Com Melzek morto e não se acreditando na possibilidade de confissão dos arguidos, restava a ligação à compra dos explosivos. E essa ligação chamava-se Valdemar.
(Continua)

2 comments:

daga said...

nunca gostei de "Irmandades" e afins...escondem-se todos atrás de um nome pomposo e ninguém dá a cara!
(muito bem escolhido para este caso)
a foto será de Bruxelas?

Jorge Pinheiro said...

Exacto Bx.