A minha casa
nunca teve nome. Podia ter-se chamado Vivenda
Pinheiro ou Vivenda Noemy (a
minha mãe chama-se Noémia). Podia até ter tido um nome mais foleiro: Sonho da Minha Vida ou A Nossa Casa. Mas não, nada disto,
acabou ficando com o inócuo número de polícia 65 da Alameda Conde de Oeiras.
Não sei se foi bom ou se foi mau. Uma casa com nome ganha relevo. Destaca-se.
Impõe-se no contexto do bairro. Os números são coisas mais administrativas, sem
brilho, sem sainete... Mas, por outro lado, passam mais despercebidos.
A minha avó
Olinda (mãe da minha mãe) queria janelas para a frente na boa tradição brigantina
de ver quem passa e cumprimenta quem passeia nas horas cerimoniais do Castelo
até à Sé entre a Rua Direita e a Rua de Trás. Mas aqui, em Nova Oeiras, não
passava ninguém que se visse, não havia castelo, nem Sé. Muito menos Rua
Direita ou Rua de Trás. Ninguém para cumprimentar. Um deserto de gente e um mar
de poeira.
2 comments:
Bela crónica, Jorge !
Concorrência às do Eduardo...
Adorei a última frase :
Um deserto de gente e um mar de poeira.
Saudade de ler por aqui :)
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