O meu avô
Francisco morreu subitamente (talvez de trombose) em 1958, estava o meu pai
na Alemanha.
Não fui ao
funeral e o meu pai também não chegou a tempo, coisa que o incomodou para a
toda a vida. Também não me lembro de qualquer conversa sobre o assunto. Os
adultos poupam-nos em excesso aos mistérios da morte. Lembro-me vagamente de
ter ficado com o meu primo Luís a contar carros na janela da Ferreira Lapa,
entregues aos cuidados da governata Alice, enquanto a família foi ao funeral,
no Porto.
O corpo acabou
por ficar no cemitério de Santarém, onde a tia Natália e o tio Amadeu residiam
na época. Uma localização polémica que deu azo a discussões familiares infindáveis
sobre a eventual transladação dos ossos para Oeiras que nunca se veio a
verificar. A localização dos “restos” é uma questão relevante, mesmo para quem
não observa o culto dos mortos. Ainda hoje, quando passo por Santarém, penso
que está ali o avô e fico ligeiramente desconfortável.
1 comment:
Num caso ou noutro, os restos mortais tinham o Tejo por perto.
E o Rio primeiro passa por Santarém...
Post a Comment