27.1.17

COMIGO MESMO - XLVII

Setembro... Todos os anos era raptado em plenas férias grandes. Curvas e mais curvas. Seguia entalado no moderno Simca "Aronde", entre cestas de reforço gastronómico para o caminho e a omnipresente governanta Alice. Pernoita obrigatória no Grande Hotel do Luso ou na Curia. O indispensável bacalhau salgado em Torre de Moncorvo para evitar o derradeiro vómito... Bragança à vista. Nove meses de inverno, três de inferno. Para mim era sempre inferno!
Que estava eu a fazer naquela pasmaceira? Subtraído à moderna Nova Oeiras... Precocemente retirado às namoradinhas de praia... Distante da Marginal... Violado a meio das férias grandes... Contrariado no mais profundo do meu ser?!
Cinquenta Setembros passaram. Muitas mais moscas morreram. Familiares também. Já não há casa de granito. As primas já não querem brincar aos médicos. As curvas do Pocinho esqueceram a vertigem nos acidentes do IP4. O castelo ergue-se agora entre desvairada especulação imobiliária. Os bombeiros continuam a apitar. As serras continuam a arder... Como gostava de voltar a fazer aquelas curvas no velho Simca. Voltar a enjoar na subida para Torre de Moncorvo e passar tardes a apanhar moscas na sombra das figueiras do quintal. Já nada existe…

2 comments:

João Menéres said...

Se esses tempos voltassem, o Jorge continuaria a ser o médico das primas.

João Menéres said...

Gabriela Duarte-69 - uma vez !