Foi da janela
do meu quarto, na Rua Ferreira Lapa, que vi gente a fugir. Ouvi balas. Pareciam
estalinhos de Carnaval, daqueles que ia comprar à dúzia na Papelaria Fidalgo,
ali na Rua Gomes Freire. Atrás da gente em fuga vinham soldados cinzentos com
capacete e espingardas em riste. Estávamos em 1958, em plena campanha
presidencial, com o “reviralho” a apoiar Humberto Delgado. Uma bala atravessou
a bomba de gasolina da SACOR que ficava ali na Bernardim Ribeiro, a descair
para a Bernardo Lima. Nos dias seguintes a vizinhança assustada, agradecia a
Deus a sorte. A rua não explodiu e o regime continuou impune. Tudo sem replay
exaustivo na televisão, que ainda não existia, para descanso da União Nacional.
6.1.17
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1 comment:
Ao menos que a de gasolina não explodiu !
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