11.1.17

COMIGO MESMO - XXXIII

Já do lado da minha avó Olinda de Barros, não há grandes dúvidas. Viessem de onde vieram, a certa altura eram definitivamente todos judeus. O apelido Barros é composto por duas palavras: Bar que em aramaico quer dizer “filho” e Rosh que é uma palavra hebraica com o significado de “cabeça”, “chefe” ou “profeta”. Portanto, seria Bar Rosh.
A família Barros de Bragança é descendente de judeus expulsos de Leon e Castela, aquando da perseguição que os Reis Católicos de Espanha – Fernando e Isabel - e, posteriormente, o filho Filipe II, moveram aos judeus que viviam no Reino de Espanha, nos séculos XV e XVI. Foi o começo da Inquisição. Já haveria uma “comuna” ou “aljama” judia na cidade, pelo menos desde o século XIV, mas foi com a expulsão espanhola que a colónia se alargou para mais de 3000 pessoas, segundo os cálculos do Abade Baçal (que chamava à judiaria a “Alfama de Bragança”). De facto, os judeus espanhóis refugiaram-se maioritariamente em Portugal, onde governava D. João II, o “Príncipe Perfeito”, o qual se apercebeu das enormes vantagens em integrar os judeus, pela mais-valia comercial, industrial e financeira que estes traziam.
Na verdade conseguimos seguir os Barros desde 1619. O primeiro Barros brigantino teria sido Francisco Barros Chaves. Uma pesquisa geneológica impressionante que se fica a dever ao primo Júlio Barros, primo da minha mãe. Já mais perto de nós, vamos encontrar o meu bisavô Manuel Joaquim de Barros, nascido a 27 de Outubro de 1861 e falecido em 1946. Era sargento do exército e casou com Marta do Espírito Santo, a ”bivó” Marta que ainda conheci bem. A “bivó” morreu aos 103 anos. Era uma figura engelhada, sempre vestida de preto, com o nariz comprido que não escondia a origem judaica. Curioso que a minha mãe está a ficar muito parecida com ela.
PS: na foto, o meu bisavô Manuel Joaquim de Barros, a minha bisavó Marta do Espírito Santo e ao colo a mina avó Olinda Adélia de Barros.

8 comments:

João Menéres said...

E assim, o Jorge, deixa história para os vindouros !
Muito bem.

Achei interessante o facto do estúdio se preocupar já nessa época ( não terá o ano a foto, Jorge ? ) em que as fotografias de grupo tivessem um fundo !E uma passadeira...
Os cicloramas ainda não existiam...

Jorge Pinheiro said...

A foto é de facto muito gira. Calculo que o ano 1900 ou perto disso.

João Menéres said...

E não tem o carimbo do estúdio, Jorge ?

Li Ferreira Nhan said...

¡Ah! Entonces eres español! ;)

Jorge Pinheiro said...

João: sem carimbo.

Jorge Pinheiro said...

Li: pelo visto...

Anonymous said...

A história da família esta pronta.

Jorge Pinheiro said...

Não é história. São pequenos apontamentos do que me vou lembrando.