Era também na
sala de jantar, em cima da grande mesa preta, que o meu pai brincava com o
comboio eléctrico. Uma prancha enorme, pintada de verde, com linhas, pontes e
túneis. O comboio circulava sinuoso por entre aldeias coladas à tábua, árvores
miniatura, lagos pintados a azul-celeste, rebanhos de ovelhas brancas e
pastores de plástico encarnado. Carruagens diversas, duas locomotivas Marklin e
um poderoso transformador que dava vida a todo o material circulante. Eu
adorava, mas suspeito que o meu pai ainda gostava mais. Ele era um bricoleur inveterado. Sempre colecionou
ferramentas de todo o tipo e usava-as com mestria insuperável. Era um
perfeccionista. Acho que era algo que o fazia descontrair da vida intensa que
tinha no dia-a-dia. Nunca saí a ele. Sempre preguei pregos às três pancadas.
Sempre usei o Black and Decker como se fosse uma escavadora. Sempre enfiei
buchas sem buraco.
8.1.17
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4 comments:
Nunca achei grande piada a essas brincadeiras que custavam dinheiro.
Sempre preferi ser médico...
Percebe, Jorge ?
:-)
Penso que enfiar a bucha sem o buraco exige grande habilidade!
LI
O teu comentário é hilariante !
Beijos.
:))
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