23.9.08

AVENTURAS DE ARNALDO ROCHA - ELÉCTRICO 15

Como dizia Santo Agostinho, o tempo não existe: o passado já passou; o futuro ainda não chegou; o presente acabou de passar. Arnaldo Rocha é um agente especial da poderosa "Organização" que tenta, desesperadamente, criar o "Quinto Império", a união do norte e do sul, do leste e do oeste. Arnaldo Rocha percorre o tempo atrás do mito.
Publicação simultânea no Brasil ("Varal de Ideias") e em Portugal ("Expresso da Linha") todas as terças e sextas feiras.
EPISÓDIO III (continuação)
Arnaldo Rocha abre a mala recebida no aeroporto. Um estojo com material de higiene; uma muda completa de roupa; uma “Beretta” e um coldre de ombro; uma pequena máquina fotográfica digital e um envelope azul lacrado com o símbolo do “abraxas”. Rompe o lacre. Mensagem curta e concisa: “22 horas. A.R.C.O., Professor B”.
Olhou o relógio. 9,45. Corre a tomar banho. Faz a barba. Veste-se de lavado. Não esquece o revólver.
9,40. Desce os 38 degraus da escada em caracol. A jovem mulher mantinha-se vigilante no seu posto. Os papagaios olham-no, novamente curiosos.
A chuva persiste num dilúvio bíblico, como se todo o Atlântico tivesse decidido despejar-se sobre Lisboa. Arnaldo começa a sentir-se febril.
A rua estava deserta. Arnaldo virou à esquerda, em direcção ao Largo dos Loios. A água começa a engrossar. Regatos caiem desamparados pela encosta abaixo.
Largo dos Loios. A.R.C.O… O Professor B esperava-o no corredor de entrada, rodeado de provocantes alunas. Pega-lhe no braço e arrasta-o para um canto escuro: “Amanhã. 12,30h. Restaurante “Pátio dos Leões”, Castelo de São Jorge. Mesa sete. Mestre V”… E rapidamente volta às suas alunas.
Arnaldo Rocha regressa apressado à segurança do “Ninho”. Cinco minutos depois está de novo a subir os 38 degraus. Lá em cima os papagaios olham-no cada vez mais curiosos.
Na recepção o velhote entrega-lhe a chave com um discreto aceno de cabeça em direcção à sala de estar.
Sala pequena, com um par de sofás e uma televisão, onde depois do jantar a família de retornados*, proprietária da residencial, se reúne para ver telenovelas.
Ela estava lá, sentada a um canto, sorrindo despudoradamente. Mais uma vez teve a certeza de a conhecer de qualquer missão anterior. Não resistiu. Convidou-a para jantar… Este foi o seu segundo erro!
*Retornado: designação genérica dada a pessoas, normalmente brancos, que, depois da independência das colónias, regressaram a Portugal. Foram cerca de 600 000.
(CONTINUA NA SEXTA-FEIRA, 26/9)
jp

3 comments:

Maria Augusta said...

Por enquanto, ele está em segurança, e o suspense se mantem...porque esta moça é tão perigosa?
Como meu post de hoje fala do tempo, vou levar tua introdução para lá, com um link para cá, tá?
Abraços.

Jorge Pinheiro said...

Maria Augusta: A moça é perigosíssima...como quase todas, alás! Claro que pode levar o texto.
Bjs.

Anonymous said...

"There's always a woman". Não sei quem disse mas é verdade.