6.11.08

JET LEG

Quando Phileas Fogg julga ter perdido a aposta de dar a volta ao mundo em 80 dias, é informado por Passepartout de que o dia em questão é Sábado e não Domingo. Ao dirigir-se para leste "foi à frente do Sol e, portanto, os dias diminuíram 4 minutos por grau", o que perfaz 24 horas em 360 graus. Assim, enquanto ele viu o Sol cruzar o meridiano 80 vezes, os seus companheiros do Reform Club, em Londres, apenas viram o fenómeno 79 vezes. Inversamente, se tivesse viajado para oeste, teria perdido 1 dia.
Em Outubro de 1884, em Washington, a Conferência Internacional do Meridiano adoptou uma proposta dos USA para padronização e harmonização do tempo segundo a qual o meridiano principal deveria situar-se na "passagem pelo centro do instrumento de trânsito no Observatório de Greenwich". Este passou a ser o meridiano 0º. O globo passou a estar dividido em fusos horários que se situam entre os pólos. Os seus limites são algo irregulares, podendo ser afectados por factores políticos. Por exemplo: a Islândia adoptou a hora de Greenwich; a Espanha e a França estão uma hora adiantados; a China e a Índia impõem uma hora única em todo o território. A Rússia, pelo contrário, tem onze fusos horários!
Um viajante que se dirija para leste cruzando o meridiano de 180º a leste de Grennwich, tem de devolver o dia que ganhou, ao passo que se fôr para oeste tem de recuperar o dia que perdeu. Quando viajamos de avião temos de fazer esta operação. Só que a velocidade do voo faz-nos andar à frente ou atrás dos fusos. Quando chegamos sofremos o jet lag (ou à brasileira o jet leg), um desequilíbrio entre o nosso ritmo biológico e os indicadores externos ambientais que servem de referência, neste caso as horas locais. Parece que o segredo para o evitar, sem precisar de adaptação progressiva, é entrar de imediato no ritmo do lugar de chegada e esquecer que estamos desfasados.
NOTA: com esta explicação mais ou menos parva, acaba a "expedição" ao Recife.
jp

10 comments:

Anonymous said...

Muito justa a explicação! Boa expedição ao Recife!

João Menéres said...

Eu sinto o jet lag de ocidente para oriente.

Bom aproveitamento dos dias até 26 !
No stress !!!

peri s.c. said...

Jorge
Parabéns, pouquíssimos turistas conseguem fazer um fino relato, escrito e fotográfico, como o seu.

Jorge Pinheiro said...

Eduardo e Peri: obrigado.
João: comigo é o mesmo. Deve haver uma explicação.

Anonymous said...

O que me impressiona nesta organização dos fusos horários é a "zona de troca de datas" no meio do Pacífico. Se alguém a atravesssa várias vezes seguidas de um lado a outro muda de data a cada travessia, acho estranhíssimo.
Eu sinto o efeito do fuso horário em relação ao sono, mas passa logo.
Abraços.

Alice Salles said...

O tempo é uma grande bobagem!

João Menéres said...

Eu acho que é por voarmos contra o tempo...

João Menéres said...

ALICE
SE o tempo para si não passa, para mim, está que nem um foguetão !
Eu precisava que cada dia tivesse 48 horas e só uma fosse para dormir...

Ví Leardi said...

Aprendendo,aprendendo,sempre aprendendo...maravilha.

Jorge Pinheiro said...

Pior que o tempo, só a falta dele!