22.1.09

DAVID CERNY

David Cerny, autor da polémica escultura "Entropa" encomendada pela presidência Checa e exposta em Bruxelas, comprometeu-se a reembolsar as verbas que lhe haviam sido atribuídas pelas autoridades checas. O artista reconheceu ter enganado o governo do seu país ao realizar sozinho a obra em lugar de, como estava previsto, apresentar uma obra colectiva assinada por 27 artistas dos 27 países da UE. Vai assim ter de devolver os 75 000 euros de subsídio, mais as verbas de transporte, 50 000 euros. Não se sabe se vai também devolver os cerca de 400 000 euros recebidos de mecenas privados.
A falsificação de 27 curricula que entregou junto com a obra parece remeter-nos para um caso de polícia. No entanto, a verdade é que o escultor pensou (e provavelmente bem) que era impossível dar coerência a uma obra repartida por 27 autores. Depois, também não seria nada fácil fazer contas com aquela rapaziada toda... ainda por cima artistas. E os prazos? Bom, nem quero pensar. Cada um a atrasar-se, à espera uns dos outros e a apresentar justificações sucessivas! Uma ideia peregina só possível numa mentalidade eurocrática perdida nos consensos da comitologia. O artista, na sua objectividade criativa, resolveu o problema de forma expedita: falsificam-se uns CV e já está! Ainda por cima a peça tem piada. Tinham de vir os polacos e os búlgaros com a sua tradicional falta de sentido de humor estragar a festa! Espera-se agora que, no mínimo, a publicidade dada a este caso possa compensar o artista dos danos directamente emergentes e não lhe retire lucros cessantes.
jp

7 comments:

Al Kantara said...

Tudo isto é conceptual, meu caro. A liberdade artística está para além dessas minudências legais. O que não impede que eu ache que a "escultura" era uma bela merda. Mas isso sou eu que não percebo nada de artes visuais, tenho mau feitio e, geralmente, para as vanguardas muuuito inteligentes, estou como o mendes de carvalho : não me lixem...

Anonymous said...

Jorge,

coitado do artista fraudador! Mentira tem pernas curtas! Já dizia minha velha mãe! E faltou racionalidade dos que encomendaram, e humor dos que receberam a obra. Ele só pecou em aceitar! Será que pecou? Uma publicidade dessas custa muito dinheiro, e ele teve de graça!

Claire-Françoise Fressynet said...

Artguita artcheta artmassa escolhe tu

Alice Salles said...

coitado!
mas que foi divertido foi! Se ele não fosse tão escandaloso não teria que devolver dinheiro nenhum, mas não seria metade da diversão!

Jorge Pinheiro said...

ARTMASSA parece-me bem, Claire. Pode até ser uma novo movimento. A arte em tempos de crise!
Eduardo: pois publicidade não lhe faltou!
Al: conceptual, mas tu é que pagas!
Alice:divertido e bem pago...

Anonymous said...

...ou tudo muito relativo. Se 230 marmanjo(a)s são representativos de 10 milhões de portugueses, por que não um só checo ser representativo de 27 Cantoneiros?
Aliás o pseudo D Pedro/Maximiliano, do Rossio, foi aproveitado sem mácula. O artista passa a obra fica (espero que guardada)

Jorge Pinheiro said...

Eu também acho, Antonião. Parvoíce era a encomenda.