
“Admirai os abismos da sua misericórdia: não é uma invenção estranha e digna d’Ele admitir ao seu serviço homicidas, ladrões, adúlteros, perjuros e tantos outros criminosos e oferecer-lhes por este meio uma oportunidade de salvação? Tende confiança, pecadores. Deus é bom.“ (São Bernardo).
O espírito das cruzadas começa por ser ensaiado na península ibérica.
Enquanto o califado omíada de Córdova se divide em 23 pequenos reinos – taifas – corria o ano de 1031 e os reinos cristãos do norte da península abriam-se ao ardor da Ordem de Cluny e iniciavam a reconquista.
Em 1085, Afonso VI, de Castela, conquista Toledo. Este primeiro grande feito cristão colhe de surpresa os muçulmanos.
O emir de Sevilha, al-Mutamid, não tem outro remédio senão pedir auxílio aos berberes do Magrebe, à tribo dos Lamtuna, que fundará a dinastia dos Almorávidas.
Desembarcados em Algeciras, derrotam os exércitos castelhanos, adiando por um século a reconquista. De facto, os Almorávidas reunificam Al-Andaluz (“Terra dos Vândalos”), acabando com os reinos de Taifas, dando origem a um novo período de progresso social e económico.
Mas o cerco cristão estava montado e as conquistas iam-se sucedendo. Em 1118, Afonso I de Aragão toma Saragoça.
Os Almorávidas, entretanto, perdem a supremacia a favor de uma nova tribo berbere procedente do coração do Atlas e que preconiza a junção do Magrebe e do Al-Andaluz. Os Almohade governarão a partir de Marrakech.
Os cristãos, porém, continuam imparáveis: Portugal, entretanto fundado por Afonso Henriques (em 1143), liberta-se totalmente do jugo muçulmano em 1242, com a tomada de Silves, por D. Afonso III; em Espanha, Fernando III, de Castela, conquista grande parte das cidades da Andaluzia, no séc XIII.
É neste contexto que surge em Jaen (Andaluzia) uma nova dinastia – Nasari – fundada por al-Ahmar Ibn Nasr (o célebre Abenamar), a qual, com sede em Granada, tem o reino reduzido à região de Almeria, Málaga e Granada. Esta dinastia tem ainda o fulgor para construir os palácios da Alhambra, mas cai ai, em 1492, às mãos dos Reis Católicos (Fernando de Aragão e Isabel de Castela).
O último sultão Nasari, Boabdil, entrega Granada, em condições de capitulação generosas, que cedo iriam ser ignoradas pelos vencedores. Os muçulmanos resistem em táctica de guerrilha, refugiados na vertente sul da Serra Nevada (Alpujarra), até que acabam totalmente derrotados pelo exército de Filipe II (I de Portugal). Em 1610 tiveram lugar as últimas expulsões massivas e a Inquisição entra em força.
Pela primeira vez, na Península Ibérica, o papado e sobretudo a Ordem de Cluny (que funcionava como uma espécie de “inteligência” católica) canalizaram a glória, a bravura e a força do Ocidente contra o Infiel, provando que era possível chegar aos Lugares Santos.
jp
2 comments:
Impressionante este post traçando a estada dos arabes na Europa desde a invasão até a expulsão. Da para pensar que as religiões foram inventadas (ou usadas como os instrumentos) para que os poderosos motivem os povos para as guerras. Desconfio até que o verdadeiro nome do Deus de hoje é "dolar"...
Maria Augusta: tem razão. As religiões são uma das maiores causas de guerras... O dólar tb. não ajuda. Deve estar na natureza humana!
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