28.6.09

O CLERO NO TEMPO DE D.DINIS

Desmantelada a estrutura política e administrativa romana, os Bárbaros que invadiram o Império instituiram o seu modelo de sociedade que viria a ser conhecido por Feudalismo e que retalhou o continente em inúmeros domínios, escravizando as populações locais, obrigadas a trabalhar as terras, enquanto os invasores apenas exerciam o mister da guerra. Terá sido a Igreja Católica quem salvou a Europa do regressao total barbarismo. O ímpeto destrutivo inicial que também recaiu sobre as igrejas, padres e monjes, foi abrandando à medida que o seu poder se estabilizava. Os Bárbaros acabaram por concluir que a religião cristã em vez de hostilizar o seu regime, o ajudava a consolidar-se. Através de um paciente trabalho de séculos, Igreja passou de tolerada a colaboradora do sistema de Feudalismo. Como classe mais culta passou a ser indispensável aos senhores feudais já convertidos e estes, por seu turno, passaram a auxiliar as organizações religiosas. A classe nobre inscreveu no seu ideário defender e auxilar o clero, ajudando-o a prosperar e combatendo os seus inimigos. O clero, em que Roma não chegara a perder todo o prestígio imperial, tornou-se essencial para a vida do europeu cristianizado. O Europeu precisava do clero nos momentos supremos: o baptismo, o casamento e a morte. Não podendo modificar a índole violenta dos nobre, o clero tentou orientá-la para a defesa dos velhos, das mulheres e dos desprotegidos. O clero era conselheiro dos reis; escrevia-lhes as cartas; fazia-lhes as contas; esclarecia-os das leis e conformava os servos a suportarem com resignação o poder absoluto do senhor feudal. Deste estreito convívio resultou um fenómeno de contágio: a nobreza fez-se cristã e a Igreja tornou-se feudal. A pouco e pouco, a Igreja foi assumindo um poder regulador do poder temporal, nunca desistindo de poder assumir um poder imperial. As ameaças de interditos e de excomunhão eram a sua arma e eram frequentemente usadas, sempre que consideravam haver tentativas atentatórias dos seus direitos por parte dos reis. Foi com esta força que D. Dinis teve de se defrontar no seu reinado, lutando contra a bula conhecida por diabólica ordenação, com que Roma quis obrigar, primeiro Afonso III e depois o filho, D. Dinis, a vergar-se sem restrições ao poder eclesiástico.
jp

3 comments:

Deusa said...

Gostei do texto , desconhecia pormenores .
Sempre o "jogo de intereses" presentes na história.
Parabens pela abordagem que tem apresentado.
Bjs

Unknown said...

Bela estrutura narrativa. Um tema histórico que nos prende do princípio ao fim. Hoje temos uma coisa muito pior que o Clero: A União Europeia... e os nossos governantes estão longe da fibra do D.Dinis...

Maria Augusta said...

POis é, na Idade Média a Igreja tinha um peso importante no "jogo de interesses", como disse a Deusa. Vai ser interessante saber como D. Dinis lidou com isto.