Nos tempos pré-romanos, a região de Trás-os-Montes, no nordeste de Portugal, terá sido habitada pelos vacceos (de origem asturiana), vizinhos dos celtiberos a oriente e dos galaicos a ocidente. Tal como todos os outros povos autóctones, os vacceos acabariam celtizados. Bragança, capital de Trás-os-Montes, deriva de Brigantia, teónimo celta. O espírito comunitário dos vacceos é ancestral e destacado pelo historiador Diodoro. A cultura transmontana é fértil em tradições mítico-religiosas de origem arcaica. Destaca-se o culto o pão, da água e, sobretudo, do fogo, com presença obrigatória nas Fogueiras do Galo, no Natal.
Na época do Natal em que as pessoas estão recolhidas a trocar presentes, nas aldeias transmontanas o povo sai à rua, debaixo de temperaturas quase sempre negativas, dispõe-se em círculo à volta as fogueiras. Os jovens organizam-se, mascaram-se e ritualizam o caos que antecede a nova ordem cósmica – o Ano Novo - e começam a povoar a aldeia com “demónios” e figuras solsticiais.
Os rituais Solsticiais ocorrem nos doze dias que vão do Natal ao Dia de Reis. Vive-se o espírito das Saturnais, em Roma, que decorriam a partir de 17 de Dezembro, integrando, simultaneamente, ritos guerreiros e solares de fundo muito arcaico.
O Solstício de Verão marca o apogeu do visível, da Luz. Seis meses depois, surge o momento dramático: a noite aumentou e o reino as trevas parece tragar por completo o dia. No dia do Solstício de Inverno, porém, o Sol reage e começa, progressivamente, a manifestar-se aumentando os dias. A Luz venceu as Trevas. Por isso, este dia corresponde à data de nascimento dos grandes deuses solares: Agni; Horus; Mithra. Mas esta vitória passa-se no mundo oculto, por isso sempre foi motivo de rituais de cunho esotérico que estabelecem a ligação entre o mundo invisível, onde vivem os antepassados e os deuses, e o mundo visível, onde vivem os homens.
Com a ajuda bibliográfica de Paulo Alexandre Loução, vamos, em próximos posts, percorrer algumas dessas tradições, que ainda hoje ocorrem em Trás-os-Montes. As fotografias foram tiradas por mim, num momento de rara oportunidade.
(a continuar)
Na época do Natal em que as pessoas estão recolhidas a trocar presentes, nas aldeias transmontanas o povo sai à rua, debaixo de temperaturas quase sempre negativas, dispõe-se em círculo à volta as fogueiras. Os jovens organizam-se, mascaram-se e ritualizam o caos que antecede a nova ordem cósmica – o Ano Novo - e começam a povoar a aldeia com “demónios” e figuras solsticiais.
Os rituais Solsticiais ocorrem nos doze dias que vão do Natal ao Dia de Reis. Vive-se o espírito das Saturnais, em Roma, que decorriam a partir de 17 de Dezembro, integrando, simultaneamente, ritos guerreiros e solares de fundo muito arcaico.
O Solstício de Verão marca o apogeu do visível, da Luz. Seis meses depois, surge o momento dramático: a noite aumentou e o reino as trevas parece tragar por completo o dia. No dia do Solstício de Inverno, porém, o Sol reage e começa, progressivamente, a manifestar-se aumentando os dias. A Luz venceu as Trevas. Por isso, este dia corresponde à data de nascimento dos grandes deuses solares: Agni; Horus; Mithra. Mas esta vitória passa-se no mundo oculto, por isso sempre foi motivo de rituais de cunho esotérico que estabelecem a ligação entre o mundo invisível, onde vivem os antepassados e os deuses, e o mundo visível, onde vivem os homens.
Com a ajuda bibliográfica de Paulo Alexandre Loução, vamos, em próximos posts, percorrer algumas dessas tradições, que ainda hoje ocorrem em Trás-os-Montes. As fotografias foram tiradas por mim, num momento de rara oportunidade.
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4 comments:
Adorável sua abordagem , gosto do tema e de todo mistério que envolve os povos antigos , em relação ao invisível e as crenças, principalmente do povo celta.
Ainda irei presenciar ao vivo esses rituais , dos quais apenas tenho lido muito a respeito.
Estão nos meus planos de viagem
Quantos mistérios envolvem os ritos populares anscestrais. Os nossos, salvo os dos indíginas, nenhum deles são milenares.
Jorge, tenho lido muito sobre estes rituais louvando os ciclos da natureza, principalmente celtas, no blog "A Casa do Mago" (http://acasadomago.wordpress.com/). Parece que eles ainda são executados em vários lugares. Vou seguir esta tua série de posts sobre o assunto.
Estes são pré-celtas e ainda se fazem sem ser para turistas.
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