A origem destas festas dos Caretos é um enigma. Têm, sem dúvida, semelhanças com as antigas Saturnais, Dionisíacas e Juvenálias, mas a sua essência terá origem mais remota. Segundo Mircea Eliade, "há uma integração do complexo solar do "ano" e a roda da fortuna na magia e na mística agrária das crenças europeias antigas e do folclore moderno. Este mesmo complexo cultural "sol-fecundidade-herói" reaparece mais ou menos intacto noutras civilizações. No Japão, por exemplo, ele está presente no quadro do cenário ritual do "visitante", em que todos os anos se realiza a visita e grupos de jovens de cara sarapintada, os "Diabos do Sol" que vão de herdade em herdade para assegurar a fertilidade. Um herói solar apresenta sempre uma "zona obscura", a das relações com o mundo dos mortos, a iniciação e a fecundidade. O herói "salva" o mundo, renova-o, inaugura uma nova etapa que equivale, por vezes, a uma nova organização do universo, ou seja, conserva a herança demiúrgica do Ser supremo".
A máscara constitui um aspecto fundamental deste rito. É o símbolo de passagem de um estado de consciência para outro. Facilita ao jovem "romper" a sua persona de adolescente e renascer como adulto. O seu simbolismo está estritamente relacionado com os "seres do outro mundo", sejam antepassados mortos ou divindades e com a passagem das trevas à luz.
Segundo o Bardo-Thodol, as dividades têm uma faceta terrífica que serve para pôr à prova a espiritualidade da alma humana. Nesta perspectiva filosófica, a face "diabólica" de Deus tem uma função iniciática (por isso, muitos rituais mítico-religiosos passam pela invocação e superação do "diabo". É mais uma vez o caso dos Templários).
Bibliografia: "A Alma Secreta de Portugal", de Paulo Alexandre Loução.
NOTA FINAL: Podem ser apreciadas estas Festas dos Rapazes ou dos Caretos, nomeadamente em Varge, Ousilhão, Constantim e Bemposta (Trás-os-Montes).
1 comment:
Muito interessante toda esta simbologia destas festas!
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