5.12.09

NET

E se de repente tudo se passasse na net? Se de repente toda a nossa vida apenas existisse no clicar de um botão? Se existíssemos apenas nesse breve clique? E se de repente tudo dependesse deste écran colorido? Se as nossas mãos afagassem o teclado num suave murmúrio? Se o pensamento ficasse prisioneiro do éter que nos magnetiza? Se a vida esperasse a ressaca do tempo no byte da saudade instantânea? E se de repente deixássemos de existir? Ficássemos presos nas teclas do destino? Se respirássemos no vácuo infinito da matriz demencial? Se existir for apenas escrever para ser? Escrever sem parar num quarto escuro? Num quarto onde brilha uma luz que não me pode ver? Um comando cego que mostra o caminho? Um caminho incerto que não existe? E se de repente tudo deixasse de ser o que é? E eu voltasse a ser de novo? Qualquer coisa que não sou? Se estas linhas fossem o espelho da minha loucura? Se nada, nada, pudesse ser mais o que era? Se tudo tivesse de repente mudado? Se eu tivesse entrado para dentro de um labirinto? Se curvas sinuosas me perseguissem na bruma da tempestade mental? Se dormir fosse apenas a ilusão de estar acordado? E se de repente eu caísse num abismo? Se a vertigem fosse a única solução? Quantas vezes quero e não vou? Quantas vezes sou e não quero? Quantas vezes vou e não venho?... E se de repente tudo se passasse na net?

12 comments:

João Menéres said...

A questão começa a ser muito oportuna para mim !!!
Tenho que repensar tudo...
Aliás, já ando com esse MEDO há dias...

Anonymous said...

Jorge,

recomendo um médico REAL, remédios e tratamento enquanto é tempo! Se as respostas à tantas questões não aparecerem, desista de questionar, e continue a blogar, numa boa! Já não terás cura!

Helena Oneto said...

To be or not to be "on" that's the question. Where are you ? Still with us ? Meanwhile keep sailing through...

Gisela Rosa said...

...e se de repente tudo fosse um sonho...
poderíamos acordar e tudo repensar...é bom questionar...

beijinho

astracan said...

E se, de repente, tudo fosse apenas net... seria uma grande chatice e terrivelmente redutor. Ainda esta tarde estive a fazer uma fogueira enorme com a rama das oliveiras provenientes d'àpanha d'àzeitona... o fogo, o cheiro, o crepitar, o calor, a cor...
Quem ficaria a ganhar seria certamente o homem-aranha!

La Maison d'Ávila said...

Nada que se deva preocupar, pois todos padecemos do mesmo mal..terá muita companhia...
Será uma farra de web neste manicômio ...hahahaha
Só não pode parar... ninguém sai...
Beijos,
Rê.

Maria Augusta said...

Jorge, este abismo é muito atraente, nos enfeitiça e ficamos dependentes dele. Loucura ou não, temos uma existência na net e se deixamos ou não ela suplantar nossa existência no mundo real, esta é a questão.

byTONHO said...



"Enrolou-se na rede (NET)"?

Cuidado Jorge! Ahahah!
Não descoNEcTe-se!

Abraços!

Deusa said...

Jorge
hahahahaha
estou tentando me livrar a mais de 10 anos
Ainda escrevo um livro de Memórias
Antes X PostNet
Meu amigo , existe um Custo X Benefício pra tudo
Acredito que não está tão ruim quanto parece , pois continuamos aqui ....rsrssr
Ruim deve ser para quem convive conosco ...
Ja pensou nisso ?

jugioli said...

ih!!!!! a bloganville anda crescendo em número.


Assisti a um filme que trazia esse seus questionamentos, não me lembro agora do título, e na época causou um estardalhaço. Sei que estamos próximos dele... hoje consigo falar melhor com meus filhos através dos e-mails, não me pergunte porquê? , consigo mandar mil recados e para surpresa, eles me respondem. Há alguma vantagem, sinto que há.

Viver é existir nessas linhas, nestas tramas, ... se existir for apenas escrever para ser. Eu estou nesta.

bjs.

Jorge Pinheiro said...

Bom, em conclusão: para uns estou pirado; para outros ainda talvez tenha arranjo; tem outros que me preferem assim; dizem que até é melhor; que não há remédio... e as oliveiras onde ficam no meio disto tudo!
Como devem ter percebido, este post é uma espécie de catarse emocinal dos dois anteriores que escrevi sobre a net. Outros se seguirão.

Claire-Françoise Fressynet said...

Caíram do saco os berlindes, rolam no soalho