15.8.10

ARTE PÉSSIMA - PAINELEIRICES DE CUTILEIRO


O espaço é nobre. Aqui é a Porta da Cidade. O Largo do Infante. A Casa dos Governadores. Ao fundo o Mercado de Escravos. O Jardim do Castelo... Lagos sofreu uma recente renovação da zona ribeirinha, patrocinada pelo Programa POLIS. Renovação que lançou polémica nas gentes da terra. No entanto, para um turista, olhando o que lá estava e o que lá fica só pode haver uma apreciação favorável. Mas, no melhor pano cai a nódoa. A Câmara Municipal, por razões obscuras, entregou ao escultor Cutileiro, um pseudo-modernista capaz dos maiores dislates, a importante missão de esconder uma caixa de tratamento de esgotos, situada bem no meio de todo o Pólis, bem no meio do Jardim, a dois passos da Marginal, quase em cima do Infante. Não satisfeito em ter devastado um Largo em 1973, com a invocação idiota de D. Sebastião, o ilustre paineleiro, meteu o cu de uma imberbe menina virado para o Largo do Jardim, a trepar para a Casa dos Governadores. A caixa de esgotos ficou tapada de frente, mas com grande percepção lateral. Cutileiro recebeu uma importância não totalmente dispicienda. Poderíamos perder tempo na exegese, na interpretação. Valerá a pena? Não! Aquilo é mau demais. Uma mancha brutal numa zona nobre. O ilustre paineleiro continua a rir-se de Lagos e os Governadores deixam e aplaudem. Desde os tempos em que usou e abusou da Igreja das Freiras como oficina e a destruiu sem controle, o Paineleiro tem contas a ajustar com Lagos. Curiosamente, ainda lhe pagam para destruir o Jardim! Quem controla estas contas e estes critérios? Há Paineleiros com sorte...

17 comments:

Mena G said...

E parece que aquilo tem um nome: "Mulher na praia", ou coisa do género. E nós, lacobrigenses, gozados tripticamente, 2 vezes!!!!
De mau gosto. Muito mau gosto. Péssimo gosto.Nem rejuntado, como fazem os pedreiros aos azulejos de qualquer W.C...
As gaivotas gostam, pois claro!

João Menéres said...

Só o JORGE me faz rir com as suas tiradas!
E essa do PAINELEIRO é o máximo!
Boa, AMIGO!

Mena G said...

A do "paineleiro" é do próprio Cutileiro...
:) E não lhe reconheço sentido de humor.

Voar sem Hasas said...

Jorge,

Do espaço e do seu arranjo não podemos culpar o artista....... podemos sim culpa-lo de nos oferecer um pouco de Norte a Sul do País, maus exemplos da sua arte.....

Mas o Cutlieiro é para a Escultura o que Manoel de Oliveira é para o cinema ..... (algumas das suas obras nunca deviam sair á "rua"

beijos

francisco said...

E o paineleiro não assina os painéis, tenta passar despercebido. Tenta fazer com que a trapalhice não seja notada.
Ainda bem que isto é dito por alguém de fora pois quando é dito por gente da casa o crítico é logo apodado de ignorante. É evidente que o caso Cutileiro é um caso que ultrapassa os foros da verdadeira ARTE. Cutileiro é mais um produto da moda e da influência do lobby do que verdadeiramente qualidade artística. E há muito quem se deslumbre com tudo isto sendo capaz até de tentar defender-se atirando-se para dentro do urinol do Duchamp.

João Menéres said...

MENA

Ignorava a autoria do termo PAINELEIRO.
Contigo, só se aprende (eu, pelo menos).

FAIRES said...

Caro Jorge,
Quanto a paneleirices, acho que está tudo dito. É uma questão de gosto. E o que dizer de outras tais como a Estátua de D. Afonso Henriques, ou ainda a Estátua do D. Sebastião em Lagos ( acho que o homem se não apareceu até agora , depois da estátua é que não regressa mesmo ) ou mais ainda, a obra de ARTE no topo do Parque Eduardo VII???? Resta-me um comentário final.... paneleirices.
Um abraço,

ma grande folle de soeur said...

Se ao menos fosse um cu jeitoso de uma imberbe menina... mas mais parece um cu largo de uma senhora desditosa ;)

Jorge Pinheiro said...

Curiosamente ninguèm defende o "pobre" Cutileiro, nem ataca os Governadores, ansiosos por estar de bem com a cultura. Dos labregos não reza a História e só espanta que estes e outros casos, não sejam questionados. Qt terá "comido" em euros este paineleiro?
Obrigado pelos comentários adicionais. Destaco o "Urinol de Duchamp"...

Francisco Lumière said...

À arte nada nada tenho a dizer, faltam-me competências, às vezes estas coisas têm um conteúdo hermético do-caraças, mas contudo estou solidário com a opinião das gaivotas; se pudesse voar, também lhe cagava em cima da paineleirice, ai sim, com muita competência.

vieira calado said...

Estou de acordo com a

ma grande folle de soeur.

Se ao menos fosse qualquer coisa de jeito...

Enfim...

Paneleirices

Um abraço

* Vou mandar uma fotos a pedido do Zé Francisco

Jorge Pinheiro said...

Parece que ganharam as gaivotas! Pagarão IRS e IMI?

Francisco Lumière said...

também eu estou estou curioso se este "prêt-à-porter" não estará ainda isento?

Jorge Pinheiro said...

Pois...

Mena G said...

Obrigada pelo teu olhar de turista!
:)

francisco said...

«Curiosamente ninguém defende o "pobre" Cutileiro,...»

Caro Jorge, no meu caso, não me sinto nada disposto a defender quem, em frente às câmaras da TV, há muitos anos (à Manuel Moura Guedes na RTP2), se dizia decepcionado com a cidade onde as recém-chegadas asas delta motorizadas faziam muito barulho ao ponto de o incomodarem; entre outros aspectos, como o crescimento da cidade, e eteceteras do desenvolvimento que concediam a outros, facilidades de vida que até então só alguns tinham experimentado - como alguns artistas aqui refugiados p. ex. -, portanto justificou a retirada para a sua terra natal, Évora.
Porém, sobre a merda que fez dentro da igreja do Carmo, o pó de pedra que lá deixou entranhado nos restos da talha dourada, e o barulho das suas rebarbadoras a cortar pedra e a incomodar a vizinhança… sobre isso nunca disse nada. Prerrogativas de artista, certamente.

Dizer que não gosto da obra de Cutileiro seria dizer uma falsidade porque conheço coisas belas do autor, os nus, as figuras vicentinas, e mesmo o D. Sebastião está longe de me desagradar, nomeadamente pela insolência que foi, na altura, retratar “o desejado” daquela forma. Dizer que a obra do Cutileiro não presta, seria falsidade pelo motivo atrás apontado e porque não lhe conheço toda a obra.

Então, o que está em causa é o snobismo que a partir de certa altura se apossa dos artistas. O deslumbramento do estrelato e o invariável trilhar dos caminhos da trapalhice artística, do tipo: “não há tempo para produzir uma obra, leva-se ali a pedra da bancada de trabalho, que os gajos papam tudo!”.
Não que o público, supostamente apreciador de arte contemporânea, não mereça tal tratamento. Não que ao artista se possa negar atitudes como o desprezo e o cinismo, afinal de contas a Arte não deve capitular perante nada; não tem obrigação de ser dócil, democrática, pacífica, condescendente, procurar consensos ou resultar de transigências. Mas a aldrabice tem limites, e o óbvio estabelece-os.
Adequadamente paineleiro, nas exactas palavras do autor. Nem mais.

Um abraço.
F.Castelo

Jorge Pinheiro said...

Delitei os comentários apenas porque ficaram repetidos. A net anda lenta! Concordo com tudo o que dizes e o post cumpriu a função: questionar e fazer pensar. Pessoalmente não gosto da personalidade, mas se calhar Da Vinci tb era insuportável. O problema é de facto mais vasto. E só come merda quem gosta dela ou não sabe o que é.