MYRA LANDAU - XVIII

Vou-te falar da liberdade. A liberdade é o nosso espaço. O que é a liberdade? A liberdade da imaginação. A liberdade para lutar contra falsos mitos, como o falso e exacerbado nacionalismo, as religiões que cegam, trabalhos que nos aprisionam na sociedade de consumo e nos transformam em objectos de consumo. A condição primordial de um artista é a constante busca e esta deve ser sempre livre. Não podemos esquecer o nosso propósito original: criar. Criar com liberdade. A vocação de um criador (há excepções) é a miséria económica, material, mas nunca espiritual. Pelo contrário, somos os seres mis ricos e mais ricos da Terra. (“Si Sabes Ver”, de Myra Landau).

De regresso ao Brasil, ao fim de 13 anos, Myra expõe individualmente na “Petite Galerie” do Rio de Janeiro. Volta a ver velhos amigos. Casados, descasados, voltados a casar… Volta à companhia do pai. Às discussões ferozes com ele. E a amá-lo e admirá-lo com nunca. Mais lúcido, aos oitenta anos, do que muita gente de vinte. Convidam-na a expor Individualmente na “Múltipla Galeria”, de São Paulo. Pela primeira vez na sua vida Myra vende quase tudo o que expõe. Esse êxito quase a deslumbra e sente a tentação de ficar. Mas e Pablo? E o México? E os amigos que lá ficaram? Amigos que fazem já parte de Myra? Será que prefere uma vida difícil? Acaba por regressar ao México, no final de 73. Sem casa, sem trabalho, sem saber que rumo tomará a sua vida. Novamente…

A filha Dominique fica no Brasil e corta o cordão umbilical. Uma prova dura para as duas, mas indispensável no processo de crescimento.

Na imagem: Ritmo-Triste 1m x 0,60 (1973)
(continua)