31.8.10

MYRA LANDAU - XX



Em 1974, Myra chega a Xalapa. Da janela da sua casa olha o céu. Olha os anos que por ela passaram. As coisas que fez. As coisas que deixou por fazer. Imagens. Filhos. Amigos. Desenhos. Pinturas... As nuvens diluem-se no céu, tal como desliza a vida de Myra. Nuvens que se aproximam e afastam. A vida que se junta e se separa. Uma união que se faz e se desfaz. Um ritmo permanente. Quadros que se pintam, outros que ficam por pintar. Mãos que desenham telas, telas que ficam por desenhar. Ritmo. Sempre ritmo. Um crescendo rítmico imparável. É assim que Myra vê o Mundo.
“Ritmo Partido”, de 1965, foi o seu quadro chave, já aqui abordado. Foi a descoberta de uma linguagem. De uma nova caligrafia da pintura. Todos os sucessivos quadros são Ritmos… Ritmo II, Ritmo A, Ritmo Qualquer Coisa…
O ritmo está em tudo. Na vida. No destino. Nas pessoas. Tudo segue um ritmo. A música. A dança. A poesia… Ritmo é equilíbrio. Beleza. Mistério. Ritmo é ritual. Myra procura esse ritmo transcendental que não encontra no mundo que a rodeia. Uma total desorganização. Uma violência irracional. Uma humanidade à beira da desintegração. E Myra procura ”ritmar” o seu mundo, os seus pensamentos, consciente que cada vez mais o compasso se perde.
Na imagem, Ritmo Labiríntico, 1,20 x 0,50
(continua)

7 comments:

João Menéres said...

Continuo a acompanhar esta LEITURA do JORGE, com o maior prazer.
Felizmente que o JORGE se encarregou desta epopeia.
Não vejo quem melhor (ou sequer, tão bem...) o poderia fazer!

Grato à MYRA por toda esta VIDA PLENA e ao JORGE por a contar desta forma.

chica said...

Essa busca constante na vida de Myra é linda.

Ela não se aquieta nunca e...nem deve!abração,chica

nostodoslemos said...

Magnífica história!

Juliana Rossa said...

Uma linda forma poética de contar a vida de Myra...

byTONHO said...



Um grande escritor/narrador para uma grande personagem!

Parabéns Jorge e MYRA!

Voar sem Hasas said...

jorge,

Na narrativa também encontraste o ritmo certo.... a que já nos habituaste

o ritmo é o compasso a que se fazem as coisas.... e para consegui-lo é necessário, maturidade e equilibrio.

parabéns aos dois, jorge e myra

Jorge Pinheiro said...

Obrigado a todos. No próximo episódio vamos falar da técnica usada.