24.11.11

BRANDOS COSTUMES

Os famosos "brandos costumes" nacionais têm razão de ser ou foram uma invenção salazarista para sossego do regime? Seremos verdadeiramente tolerantes? Somos mais tolerantes que os ingleses ou que os alemães? Não matámos tanto como os holandeses no Brasil? Toleramos melhor os pretos? A nossa Inquisição foi mais suave que a espanhola? O 25 de Abril foi uma revolução de cravos? Sinceramente, acho que pouco importa se somos um povo tolerante ou intolerante. Tenho receio é de sermos um povo “tótó”. Uma tolerância feita de cobardia. Tenho receio que os “brandos costumes” sejam ausência de vontade. Incomoda-me que a tolerância seja, afinal, desinteresse por quem nos governa e como nos governa. Que seja falta de pachorra para exercer os nossos deveres democráticos. Indiferença pelos subornos e pela corrupção. Falta de horizontes. Ausência de projectos. Um povo abúlico e inerte, brincando diletantemente aos “brandos costumes”. Um povo desinteressado de si próprio.

15 comments:

Anonymous said...

... o país do "deixa andar", que foi andando tão d.e.v.a.g.a.r.i.n.h.o que um dia parou ...

... e agora não adianta chorar ... Inês é Marta, ou morta ...

resta, agora, tolerar e aguentar o fardo, pegar na guitarra e cantar um fado ...

byTONHO said...



T.ri.ste!

Tá legal...

Eu mudo
Tu mudas
Ele muda


... nada muda!

Fica-se MUDO!

:o(

Maria de Fátima said...

não sei se é isso, Jorge!
parece-me mais que este povo, se tem comportado como aquela tia de cascais armada em dondoca sem ter onde cair morta, e na hora de colocar os talheres nem sabe usar o garfo e conjuga mal os verbos;
e, coitada, nem é sua culpa: foi empurrada p´rá vida por uns filhos da puta que um dia passaram lá na rua: "queres brincar aos médicos" e montaram-lhe uma loja de souvenires na baixa da cidade...
tás a ver a coisa?!
o nosso povo deixou-se ir...
a querer ser simpático com os senhores da europa (já tinha sido assim parecido com os filhos da mãe da república abaixo a monarquia e essas coisas...)e ele não tem estaleca para mais do que apanhar um solinho nas parais, plantar umas couves e vender na cidade, e de vez em quando combater uns mouros, quiçá espanhóis, e nos intervalos ir por aí fora em turismo descobrir uns mundos
tudo nas calmas...
sem stresses de pensar em haver e deve
um povo porreirinho se o deixarem ser como é, saloio, e maneirinho com os índios e os pretos e até com os chineses
agora quererem que seja um dondoca das europas...escorreito e com leis de mercado...
dá no que se está vendo
a coisa chega ao ponto de nem tu, caro Jorge, saberes se os brandos costumes são apanágio deste povo se são manigância do menino de santacombadão (outro que arrastou o pobre com falinhas mansas e o manteve como se fosse bem comportado quando este povo é mais do manguito e do arruaço -disfarçado, é certo, mas certeiro e convicto - do que das mãos postas e dos terços
Enfim, meu caro Jorge, estou em crer que se deixarem este povo viver sem peias de modas e vaidades, ele vai devagarzinho, mas um dia destes dão por ele e colocar um padrão daqueles de pedra com seis quinas enterradinho num planeta distante, quiçá de outra galáxia
mas isso se não der ouvidos a um e outro ... e este meu povo perde-se por uma boa anedota...

Jorge Pinheiro said...

Mª de Fátima: pois, mas como isso não é possível, a branda utopia lusa está morta e enterrada. A pensar assim, mais vale atiramo-nos ao poço.

Jorge Pinheiro said...

Anónimo: os fados não pagam dívidas. O fatalismo tem feito parte deste modelo de tolerância. Já chega. Que a crise sirva para mudar de música.

Anonymous said...

Muito bem dito: temos que mudar de música.
Ortega

Anonymous said...

Quer querendo, ou não, a arraia miúda tem de dançar conforme a música que vem de cima. Mesmo quando a orquestra está desafinada. Ou então pára e vê os outros dançando. As palavras são bonitas mas, do dizer ao fazer, há anos-luz de distância.
Todos sabem que "uma andorinha só não faz verão". Pagam, agora, o preço (altíssimo) por tantas baixas médicas para ir passear ao shopping, as saídas do trabalho para o cafézinho com a gaja do chat room e depois enchem blogs e blogs com a lenga lenga sobre as agruras da crise. Tivesse havido mais trabalho, mais produção, mais consciência, discernimento e menos um viver-se de aparências e tudo estaria diferente. Vêm carpir para a Net, quais viúvas desamparadas, os infortúnios da vida. Palavras vãs que o vento leva ... Um fado, mais outro, e já vão tantos, assenta-lhes muito bem.

Cada qual tem o que merece.

Anonymous said...

O que o escritor português, J. Rentes de Carvalho, publicou hoje em seu blog, Tempo Contado:

"Esta greve entristece-me. Não sou a favor nem contra, entristece-me porque já vi demais e o que delas resulta nunca é o cumprimento de promessas, o alívio de misérias ou a restituição de direitos.
Que esperam os grevistas? Mudança de governo? De política? O fim da corrupção? Do Chico-espertismo? Um aumento fulgurante da solidariedade social? Do civismo? Da defesa dos fracos? Árvores das patacas?
Nada se resolve com marchas, gritos, slogans, insultos, punhos erguidos. Tão-pouco com habilidades ou jeitos. Uma pátria decente educa os seus filhos, o filho que a respeita e se respeita, cumpre, não estende a mão, conhece os seus direitos e deveres, desdenha favores e desigualdades.
As verdadeiras mudanças não se fazem saindo um dia à rua com hinos, bandeiras e tambores. Demoram tempo, pedem outro espírito".

daga said...

Também tenho esse receio, de sermos um povo "tótó", isso é terrível por ser tão difícil de alterar...
às vezes orgulhava-me de não partirmos logo para a violência como os espanhois etc, mas se afinal é só por preguiça, por "ausência de vontade", então temos de mudar!!

Anonymous said...

Esta greve significa apenas as direcções dos sindicatos a mostrarem serviço. Essas organizações atávicas e proxenetas deviam desaparecer. Assim como os contratos colectivos de trabalho. As pessoas podem defender-se com organizações expontâneas convocadas na internet.
Ortega

Anonymous said...

Sindicato de Ladrões, como no filme ...

António P. said...

Caro Ortega,
Como saberás, há muito que digo que os sindicatos são parte do problema...daí até desaparecerem vai uma grande distância.
Ainda acreditas em organizações expontâneas ??!! Para serem como as dos indignados e/ou acampados...pior a emenda que o soneto.
Vivemos uma situação nova e complexa, nomeadamente após a criação do euro, e as velhas organizações ( partidos, sindicatos, entidades patronais, etc ) são incapazes de reflectiram sobre ela...e os expontâneos também.
Tentar compreender o que se passa, reflectir e procurar novas soluções vai ( está ) a ser difícil e complexo , mas temos que fazer um esforço.
Abraço

Dylan said...

Não concordo. Vai chegar o dia que os "brandos costumes" acabarão. Será por desespero? Não sei. Acho que está muito próximo, talvez este próximo ano...

Jorge Pinheiro said...

Talvez nem toda a gente tenha entendido que aaqui não se defendem os brandos costumes, mas uma actaução activa e responsável. Obrigado pelos dinâmicos comentários.

Jorge Pinheiro said...

Quanto ao Fado, não sou apreciador do género e enerva-me que estrejam a considerar Património Mundial nesta altura do campeonato. Uma coincidência fatalista!