28.12.11

O CIRCO

O circo sempre me provocou uma sensação de ambiguidade. Misto de fascínio e angústia. De tristeza e alegria. Uma certa claustrofobia sentimental. Aquela vida errante. Os trajes de luzes muitas vezes remendados. Uma pobreza disfarçada. Os animais enjaulados. Os bichos amestrados. Os palhaços sem graça que exigiam palminhas aos meninos. Acrobacias banais repetidas à exaustão. O risco da queda. A aflição do desastre. Um suspense de medo. O cheiro a excrementos de camelo. O rugir de leões magros e de tigres ansiosos. O número dos anões. A mulher barbada. O homem-bala... Os circos desciam à cidade em épocas festivas. Onde estariam no resto do ano? Que faria aquela gente no dia a dia? Sempre foi para mim um mistério. Hoje os circos são grandes produções. Espectáculos planeados. Negócios milionários. Mas continua a haver pequenos circos a descer ao povoado. Circos que me continuam a provocar uma angústia nostálgica que não sei explicar.

10 comments:

byTONHO said...



:o)

Por aqui e pelo mundo,
tirando "os Cirque du Soleil, para uma elite", há este circo que referiste e as REDES de TVs.

"A TV é o Grande Circo Popular MODERNO!"

:o(

:(:

Anonymous said...

Compactuo com tudo o que escreveu. Também sinto isso. Faz-me aflição esse tipo de circo; um circo de sofrimento e dor, escondidas "atrás" da iluminação, onde o palhaço rico é mais pobre do que o mais pobre dos pobres.
Virá, não tarda nada, algum saltimbanco dizer que não é bem assim, e coisa e tal ... Gostam é de ver o circo pegar fogo. Isso sim.

Anonymous said...

Eu também sinto a mesma coisa. Já somos três!

Maria de Fátima said...

ai caro Jorge com te entendo! e como traduzes na excelência o que tb eu não sei dizer...e a equilibrista a quem escapa um pé, e os quatro que ainda há pouco amestravam cãezinhos em rodas, descobrir que são os mesmos qutro palhaços, e depois dois deles, quem sabe se pai e filho, fazem o número dos saltos...
um mistério que sempre me deixou as tripas num nó e não é medo, não...é isso que tu tb não sabes dizer, Jorge, quando a descreves na perfeição

Luísa said...

Partilho da sua opinião!
Vida estranha! Vida certa nos erros ou certamente errada nos dias de ação...pelo menos quando medida pela estola da nossa cartola!

hummmmmmmm!Vidas estranhas!

myra said...

eu jamasi gostei de circo...sinto igual que voce, muito mais tristeza que alegria...beijo

Mauro Castro said...

Minha filha, 16 nos, quer trabalhar em circo...
Há braços!!

João Menéres said...

A vida é um circo.
Tudo sob umas luzes e uma tenda.

daga said...

mais uma que sentia o mesmo no circo :(
nunca me atraiu, sempre me arrepiou... deve ser essa nostalgia de que falas...
beijo

Jorge Pinheiro said...

Mauro Castro: há muitos tipos circos e a verdade é que isto é a minha sensação, não necessariamente a realidade. Abraço.