22.1.12

NARA LEÃO - O SITE


O site ficou pronto na sexta passada, após três anos de pesquisa e batalha. Abrange dos anos 1940 (quando nasceu em Vitória, Espírito Santo, a cantora Nara Lofego Leão) aos anos 1980 (em 1989, sairia seu último disco, My Foolish Heart). "Isso precisava estar disponível pra quem quisesse conhecer ou rever a obra de Nara, já que a gravadora não relança os discos", conta Isabel Diegues, filha de Nara com o cineasta Cacá Diegues, que bancou tudo sem ajuda de órgãos da cultura oficial nem uso de leis de incentivo. "Em 19 de janeiro deste ano, minha mãe faria 70 anos. E este é o meu presente, compartilhar sua obra para que todos possam se deliciar, ouvir e pesquisar à vontade", disse Isabel.
Influentíssima para diferentes intérpretes (como Ná Ozzetti) e gerações (uma de suas discípulas mais assíduas é Fernanda Takai), Nara foi extremamente politizada e consequente. Acreditava que "a canção popular pode dar às pessoas algo mais que a distração e o deleite", pode ajudar a compreender melhor o mundo e levar o ouvinte a um nível mais alto de compreensão da realidade. Em 1966, sua opinião política, expressa em entrevista ao Diário de Notícias (a manchete foi "Nara é de opinião: esse exército não vale nada"), causou "imensa repercussão e ameaças de prisão por parte do regime ditatorial", lembra texto no site.
 Ameaçada de enquadramento na Lei de Segurança Nacional, amigos intelectuais, como Rubem Braga, Carlinhos de Oliveira e Carlos Drummond de Andrade, saíram em sua defesa. Drummond fez um poeminha para Nara, Imagens em Ão: "Se o general Costa e Silva/ já nosso meio chefão/ tem pinta de boa-praça/ por que tal irritação?".
Nara estreou em disco em 1964. "Por incrível que pareça, a moça Nara leão tem sido, desde os primeiros passos da bossa nova, uma espécie de musa do movimento", escreveu Aloysio de Oliveira (cantor e produtor que integrou o Bando da Lua, grupo que acompanhou Carmen Miranda). Mas Aloysio ressaltava que, no primeiro disco, ela já surpreendia e fugia da bossa nova, migrando para um repertório variado que incluía músicas que nada tinham a ver com a bossa (compositores como Cartola, Nelson Cavaquinho e Zé Kéti). Compositores da nova geração também compareciam na seleção (Carlos Lyra, Edu Lobo, Baden, etc.).
Nara Leão realizou seu último show em uma miniturnê por cidades do Norte do País, apresentando-se em março no Iate Clube de Belém do Pará. No dia 7 de junho de 1989, morreu na Casa de Saúde São José, Rio de Janeiro. "No fim das gravações de My Foolish Heart, Nara já estava doente e teve dificuldade de botar voz em algumas faixas. Não dá para perceber. Como em todas as suas gravações, sua voz aparece limpa, detalhista, amorosa", escreveu Arthur Xexéo, sobre o último disco. Ver em www.naraleao.com.br

5 comments:

João Menéres said...

Voltarei bem mais tarde, Jorge.
Tenho mais um almoço aqui em casa...

byTONHO said...
This comment has been removed by the author.
byTONHO said...



Nasci "10 anos e 5 dias" depois de NARA...

Uma VOZ delicadíssima, que foi além da Bossa, gravou de tudo, até o "baião", portanto uma artista universal.

Vida curta, mas significante para o cenário MUSICAL.

Bela lembrança sobre o SITE.

:o)

Anonymous said...

Gostei tanto ...
E como ela está tão linda nesta foto ...

Jorge Pinheiro said...

Uma personagem interessantíssima no contexto da BN.