Os
protestos iniciaram-se e foram sempre em crescendo. Na cidade, os taxistas
passaram o sinal. Eram, na sua maioria, indonésios, expulsos por Sukarno.
Estavam revoltados contra tudo e contra todos. Buzinavam sem parar. Incendiaram
o ambiente. As manifestações sucederam-se. Manifestações com mais de 15 000
pessoas, o que era muito, face à dimensão do território. Em Macau havia cerca
de 50 000 estudantes chineses, a frequentarem escolas comunistas. Um potencial
revolucionário impressionante. Os Guardas Vermelhos surgiram. O governo ficou
debaixo de fogo. De crescendo em crescendo, a contestação aumentou e
generalizou-se, provocando um sentimento de verdadeira revolta no seio da
comunidade chinesa. Macau estava há alguns meses sem Governador. Lopes dos
Santos, um homem ponderado e que conhecia bem o Oriente, tinha regressado à
Metrópole, em Julho de 1966. Como Encarregado do Governo ficou Mota Cerveira.
Um homem arrogante e militarista, que preferia a bravata à diplomacia. A
arrogância ao diálogo. O Comandante da Polícia, o Tenente-Coronel Galvão de
Figueiredo, pautava-se pelos mesmos valores. Não podia ter sido pior. Os
dirigentes políticos e as forças de segurança de Macau actuaram com manifesta
inabilidade e total ausência de sentido diplomático. Pior, usaram de arrogância
colonialista. As tensões exacerbaram-se. As posições extremaram-se.
Nota: em homenagem a uma leitora devota e dedicada, Mao Tzé-Tung foi retirado da imagem.
1 comment:
Como o dito popular: "a arrogância é o reino sem a coroa".
Perfeita ilustração; coube como uma luva ao texto.
A leitora devota e dedicada agradece.
;)
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