No
dia 3 de Dezembro de 1966 as manifestações iniciaram-se pelo meio-dia. As
escolas estavam mobilizadas. Estudantes e professores invadiram o Largo do Leal
Senado e as ruas circundantes. Uma camioneta carregada de pedregulhos avança
pela rua onde se situava o Comando da Polícia. Atrás, protegidos pelo camião,
manifestantes entoavam canções revolucionárias e gritavam palavras de ordem,
empunhando o Livro Vermelho. Aproximavam-se cada vez mais da esquadra. Lá
estavam guardadas armas e munições. Parecia evidente a intenção de tomar a
esquadra de assalto. Vaz Antunes, o 2º Comandante, dá ordem de fogo. Não havia
outra solução. O condutor da camioneta é a primeira vítima. O carro segue
descontrolado, até embater, com violência, no fundo da rua. A confusão é
enorme. Debaixo de uma enorme pressão, os polícias, acantonados na esquadra,
mantêm, nervosamente, o fogo. A multidão dispersa-se. Seguem-se perseguições na
zona da Praia Grande. O recolher obrigatório é decretado às 16 horas. No dia
seguinte ainda havia disparos dispersos por toda a cidade. No final dos dois
dias, um saldo final de 8 mortos e cerca de 200 feridos, todos chineses. Foi
necessária a mobilização de soldados para controlar a situação. A tensão, no
entanto, continuou a crescer. Várias famílias portuguesas começaram a
preparar-se para abandonar Macau. O “1-2-3” é isso mesmo: mês 12, dia 3. E o
futuro de Macau nunca mais seria o mesmo.
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4 comments:
66 foi um ano daqueles.
Por aqui a guerrilha corria. A repressão e as greves tb.
Mas o Brasil só lamentava a copa do mundo.
O vosso Eusébio foi o carrasco.
E perdemos... Grrr!
Vaz Antunes tb era meu padrinho, vê lá! E estava muitas vezes no sítio errado á hora errada, coitado, no 25 de Abril estava na Guiné :p
Não sabia. Isto não lhe correu bem... de facto.
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