14.4.12

25 DE ABRIL - V

O golpe do 25 de Abril de 1974 foi planeado como uma pura operação militar, sem ramificações civis e diplomáticas. Em Lisboa as tropas ocupariam a rádio, a televisão, o aeroporto, o quartel-general, os ministérios do Terreiro do Paço. No Norte seria ocupado o Quartel-General da Região Militar do Porto. Os generais não seguiriam à frente. Optou-se por um “movimento das Forças Armadas”. Os generais seriam chamados no final, como De Gaulle na França, em 1958. Ainda hoje se especula como teve êxito um plano tão básico. Como foi possível que triunfasse sem violência. A verdade é que 80% dos efectivos militares estavam no Ultramar. A verdade é que a marinha e a aviação não intervieram. Os efectivos disponíveis eram, na sua maioria, instruendos, aguardando partida para a guerra de África. Tropas sem experiência e que não estavam destinadas à defesa do governo. O regime estava num impasse. Um impasse que se arrastava penosamente. Uma situação apodrecida, em que já ninguém acreditava. Ninguém quis combater do lado do governo. Ninguém se quis comprometer com um regime em crise. O regime estava à espera de um general salvador. O protagonismo de Spínola cresceu, até ser nomeado Presidente da República. Sem ele o golpe não teria sido possível. Mas Spínola era apenas um militar. Um militar conservador. Um militar que não estava preparado para uma revolução. Spínola só queria tomar o poder. Um golpista. A revolução apanhou-o desprevenido.
In "Há Biscoitos no Armário"

3 comments:

Luísa said...

Nada faltou!
tudo este muito bem!
Até a coragem de ação os animou rumo ao romper do obsoleto regime.
Assim foi!Homens de coragem!

Li Ferreira Nhan said...

Olhando assim de relance a cara dele me lembrou aquele outro caudilho o tal do Getulio. Argh, vamos mudar de assunto!

Jorge Pinheiro said...

O homem era sinistro! Mas este não conseguiu ser ditador.