12.4.12

LISBOA - ESTALEIRO DOS DESCOBRIMENTOS





Enorme rampa de lançamento de barcos do séc. XVI foi descoberta debaixo da Praça D. Luís, juntamente com vestígios de estruturas de séculos posteriores. A descoberta tem menos de um mês. Os arqueólogos encontraram uma enorme rampa de lançamento de barcos do séc. XVI junto ao mercado da Ribeira, em Lisboa. Feita com troncos de madeira sobrepostos, a estrutura ocupa 300 metros quadrados. Na época, a zona ribeirinha da cidade foi designada como espaço privilegiado de estaleiros. Como a escavação ainda não terminou, os arqueólogos acalentam a esperança de ainda serem brindados, em níveis mais profundos, com algum barco submerso no lodo, como já sucedeu ali perto, tanto no Cais do Sodré como no Largo do Corpo Santo e na Praça do Município. No séc. XVI toda a zona entre o mercado da Ribeira e Santos era de praias fluviais. Mas não era para lazer que serviam os areais banhados pelo Tejo. Poucos anos após a primeira viagem de Vasco da Gama à India, "a zona ribeirinha da cidade é devassada pelos empreendimentos do monarca [D. Manuel I] e dos grandes armadores". Depressa surgem conflitos com a Câmara de Lisboa, ao ponto de o rei ter, em 1515, retirado ao município a liberdade de dispor das áreas ribeirinhas para outros fins que não os relacionados com o apetrecho e reparação das naus. São as chamadas tercenas, locais dedicados à função naval e representados em vários mapas da época. Mais tarde a mesma designação passa a abranger também o lugar onde se produziam e acondicionavam materiais de artilharia. A expansão ultramarina contribuiu para uma reestruturação do espaço urbano de Lisboa, que se organiza desde então a partir de um novo centro: a Ribeira. A maioria dos vestígios terá ser destruída depois de devidamente registada em fotografia e desenho, o arqueólogo diz que algumas das peças encontradas poderão vir a ser salvaguardadas e mesmo integradas no projecto do estacionamento, como já sucedeu com os vestígios do parque de estacionamento subterrâneo do Largo do Camões - ou então transportadas para um museu. "Face ao desconhecimento do que ainda pode vir a ser encontrado por baixo da estrutura de madeira do séc. XVI está tudo em aberto", salienta um responsável do Instituto do Património Arquitectónico e Arqueológico.

5 comments:

Anonymous said...

Histórias soterradas e submersas! Mas bem guardadas pelo tempo!

João Menéres said...

Mais uma valiosa contribuição do Jorge para a história de Lisboa e acompanhada por uma fotografia actual e que me palpita virá a ter muito interesse no futuro.

Parabéns, Jorge !

Li Ferreira Nhan said...

Como gostava de ver isso de perto...

myra said...

quantas coisas voce me ensina!!!

daga said...

Muito interessante!! não sabia de nada, vê lá tu! e eu que adoro descobertas arqueológicas! o que vale é o teu blog mesmo :))