O Minho não tem planícies. As
subidas são descidas e quanto mais se desce mais se sobe. Tudo é abrupto. Tão
abrupto que a beleza se espanta por existir tão imensa. Foram 600 km de curvas
apertadas, suportadas em GPS com voz de Katia Vanessa, em versão erótica. Quase
nunca nos perdemos até que, finalmente, nos perdemos irremediavelmente. Só
depois de desligar o GPS nos apercebemos que há um país real pronto a dar
informações. São moças simpáticas de olhar celta e cintura estreita que
perdidas se perdem de nós. Homens que nos solicitam o favor de virar à esquerda
e três rotundas depois novamente à mesma esquerda, para de seguida enveredarmos
decididamente à direita, ainda antes da rotunda que posteriormente nos leva à
terceira estrada que desce para baixo, antes de subir para cima. Gente que
agradece ter dado a informação e nós ficamos sem jeito no embaraço de tanta
delicadeza. A comida é saudável e simples. O arroz de sarrabulho, no sangue da
cabidela, acompanhados a fressura e rojões do redanho fritos no unto da matança.
As morcelas de sangue e as belouras amassadas. As tripas aos molhos e queijo
terrincho que nos eleva para lá do roquefort. Os verdes são tintos e a digestão
pode ser eterna na eloquência do arroto profundo. A paisagem dá vontade de
pastar. Os cavalos são garranhos e os bois são barrosãs. A vida parou no tempo
e sentimos que o tempo foge da vida. O Gerês é um local absolutamente único.
Não há cinema. Não há museus. Não há teatros. Não há shoppings. O Gerês tem
árvores, pedras e rios. Coisas esquecidas que teimamos em recordar.
13.6.12
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7 comments:
podes querer o Gerês é do mais puro que pode haver e em portela de homem é lindo viva o Minho,beijinhos
viva este lugar!
Um paraíso na terra, tratado e amparado por biólogos que vivem para o Parque Nacional!
Encheu a alma, mesmo!
e pena é que ultimamente ocorram tantos incêndios...criminosos!
Poesia pura
Antonião
P... m... Jorge!
Mais que texto lindo; puro amor, puro português!
(fui eu a deletar acima)
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