30.8.12

AFLIÇÕES

Num tempo onde urinar dentro de casa era um luxo que se tinha, ali dentro não havia latrina e nem privada pois essa por costume ficava fora da casa. O Pinico como aqui é chamado era sem sombra de duvida um utensílio indispensável na dispensa dos dejetos que o corpo expelia para os pequenos e os velhos que tanto dele dependiam. Peça de grande valia quando a saúde carecia. Lembro desse objeto colocado em lugar discreto. Impecavelmente limpo durante o dia. Só era encontrado se nele fosse esbarrado, sentia uma temperatura fria que combinava com o branco leitoso que o envolvia, também era lembrado que existia quando derrubado acordando como um trovão e um som interminável, ou que, no cumulo do azar encontrava com ele sendo levado para esvasiar e durante o trajeto deixava um fedor insuportável no ar. Coisa que tinha que ser feito antes de da casa acordar. Uma intimidade que não precisa esconder, muito menos mostrar. Bendita descarga.
Texto de Selena Sartorelo

9 comments:

Selena Sartorelo said...

Num tempo onde urinar dentro de casa era um luxo que se tinha, ali dentro não havia latrina e nem privada pois essa por costume ficava fora da casa. O Pinico como aqui é chamado era sem sombra de duvida um utensílio indispensável na dispensa dos dejetos que o corpo expelia para os pequenos e os velhos que tanto dele dependiam. Peça de grande valia quando a saúde carecia. Lembro desse objeto colocado em lugar discreto. Impecavelmente limpo durante o dia. Só era encontrado se nele fosse esbarrado, sentia uma temperatura fria que combinava com o branco leitoso que o envolvia, também era lembrado que existia quando derrubado acordando como um trovão e um som interminável, ou que, no cumulo do azar encontrava com ele sendo levado para esvasiar e durante o trajeto deixava um fedor insuportável no ar. Coisa que tinha que ser feito antes de da casa acordar. Uma intimidade que não precisa esconder, muito menos mostrar. Bendita descarga.

Selena Sartorelo said...

Olá Jorge,

Que grata surpresa. Bom compartilhar lembranças..Obrigada. Beijos

Luísa said...

Mas que parceria fantástica!
Memórias de aflição quando não havia wc, não!

Beijinhos

Anonymous said...

Parabéns pela foto, e Selena pelo texto!

Jorge Pinheiro said...

Selena: obrigado eu. Grande texto.

João Menéres said...

Alguém tem um PENICÃO ?
Eu tenho , ( no Porto ) !
Hei-de fotografar !!!

Um beijo à SELENA.

myra said...

Selena, otimo1 que bom que ja nao se precisa de pinico:)))
beijos aos dois!

Fatyly said...

Um texto fabuloso de Selena que já nos habituou com a sua bela escrita.

Na minha terra só havia "bacio" para quando nos habituavam a largar as fraldas que eram de pano (os jovens pais de hoje nem sabem o que era esse tormento). Também usado para o chamado "gregório" nas famosas crises de paludismo. De resto, e isto na casa dos meus pais, ia-se à casa de banho.

O que mais me impressionou quando estive em Portugal antes de ir para o Brasil...não foi o pinico pois não o usava e escondia para não esbarrar e acordar o pessoal, mas sim ir ao WC, fora da casa, num frio desgraçado (era Outubro) e "Bendita descarga"...mas por baixo os porcos limpavam.
Nunca tinha visto tal coisa.

Jorge Pinheiro said...

Muito ecológico... e depois ia para estrume.