21.6.13

INTERLÚDIO PARA FALAR DAS CRISES

As crises estão por todo o lado e são cada vez mais regionais. No Afeganistão já nem é crise. É a constância da guerra. A catástrofe Taliban. A crise na Síria existe e mata. Destrói o património de Aleppo. Põe em risco o Líbano. Mexe com o Irão. Mas, sinceramente, já estamos fartos. Israel é patético e Gaza uma coisa idiota. De África já ninguém fala. É a crise permanente. Piratas na Somália e no golfo da Guiné. O resto são pretos. Na Ásia não sabemos. Há três dias que não há notícias, logo não há crise. A valorização das manifestações no Brasil interessa pouco aos europeus. As crises são regionais e afectam os povos directamente. Afectam-nos exclusivamente a eles. As crises são comunicadas por despacho noticioso e impressionam na televisão, no intervalo dos anúncios, a meio do jantar, antes de ir para a cama.  A nós interessa a crise na Grécia, a estupidez dos alemães e se vamos ou não receber o subsídio de férias em Junho. Tudo está cada vez mais regional. A globalização vai fazer de nós egoístas displicentes, voyeurs de sofá, insensíveis mediáticos. A única crise que me afecta sou eu.

11 comments:

Luísa said...

Então, "EU" não estou em crise!
Bjnhs

Jorge Pinheiro said...

Excelente notícia. Pena não dar no telejornal :))

João Menéres said...

E " EU", também não !!!

LOL

Luísa said...

João, ainda vamos ser notícia de primeira página!

Jorge Pinheiro said...

Espero que sim.

João Menéres said...

Pela minha parte, nem quando morrer !

João Menéres said...

LUÍSA :

Lá estou eu a falar da morte...
Desculpa, pois foi sem querer !


Um beijo.

myra said...

voce tem razao! infelizmente...

daga said...

Lindo texto :)) mas no fundo essa tua última frase vale intemporalmente!
beijo

Paulo said...

Não é a globalização da informação que nos vai tornar egoístas displicentes. Isso é e sempre foi a natureza humana. O acesso à informação global torna-nos conscientes das nossas limitações relativamente à nossa capacidade de nos preocuparmos. Há quem lhe chame "compassion fatigue".

Jorge Pinheiro said...

Concordo. E por isso tendemos a refugiarmo-nos no EU.