18.9.13

NENHURES - A REFORMA DA CÂMARA


Tenho um problema. Preciso do vosso conselho. Imaginem que, se for eleito, como espero, vou-me deparar com uma situação insustentável. Na Câmara Municipal de Nenhures há 76 motoristas para conduzir directores. Por outro lado, há apenas 35 veículos automóveis. 76 pessoas, para 35 máquinas! Fico num dilema: ou despeço motoristas ou compro carros. Se despeço motoristas, vou ter logo um sarilho e ser acusado de contribuir para o desemprego. Se compro carros, serei um despesista. É claro que dispensar directores ou acabar-lhes com as regalias está completamente fora de questão. Se o fizesse não seria eleito, pura e simplesmente. Por outro lado, se comprar os carros terei de aumentar as derramas e outros impostos para ter dinheiro para comprar os ditos carros. Finalmente, se comprar mais automóveis contribuo para o desenvolvimento da indústria mundial, em geral, e das empresas revendedoras nacionais, em particular. Ou seja: de um lado não despeço ninguém, satisfaço clientelas e ainda dou dinheiro aos capitalistas. Do outro, limito-me a aumentar uns impostozitos. Que hei-de fazer?

19 comments:

João Menéres said...

Em NENHURES ? não faça nada.
Não mexa uma palha , caso contrário, a animalária logo se agita.

Anonymous said...

Ó filho, tás mesmo numa enrascada. Nem parece coisa de político, que vivem sempre tão livres, leves e soltos ...
Diz-me cá, filhote: esses motoristas são rapazes saudáveis, fortes, simpáticos e prestáveis?
Se sim, manda-os aqui para casa que dou-lhes um jeito ...
E nada de pensar m#¨*da ...
Tenho telhas para arranjar, jardim para capinar, roupa para lavrar, chão para esfregar ...

Mandas?

Fatyly said...

Não digas nada, dá umas caixas de comprimidos, canetas, bonés, sacolas, umas pedras pintadas por miúdos, sim porque em Nenhures aumentou muito a natalidade (é que a tv está sempre a cair e o pessoal aprovêta o ó vai a cima ou vái abaixo, percebes?) Mas lembra-te de não ultrapassares o "quinhão" dos dez milhões!

Depois de eleito tens a faca e o queijo na mão mas procede sempre com o jeitinho de pagares umas facturinhas ao Quito Nenhure (aquele que tem um boteco entre dois calhaus, sabes?), uns apoios a uns velhos como eu (aqueles bué refilões, sabes?) com direito a foto e ou apararecer na tv...serás o maior e os nenhurenses ou dão-te a mão ou dão-te...olha aguarda pelos resultados e deixa-te de campanhas pá que não interessam para nada:)





Jorge Pinheiro said...

Não os posso mandar fazer outra coisa. Está no Acordo Colectivo de Trabalho. Então o melhor é não fazer nada. Era o que me parecia. Não há como perguntar.

João Menéres said...

Só dou bons conselhos...

Anonymous said...

Melhor é não fazer nada. A propósito veja um BONECO seu na foto que recomendo o livro do Mauro Castro no FB. Amanhã no Varal.

Gustavo said...

Bem, bom, ou apenas, sob o exordio de um prólogo,

Retórica do discurso político
pós-graduação em linguística, historiografia e africanismos

não faça nada, mas diga que farás tudo
e assim serás amado por todos.
Perambule muito, e com a indignação de todos, sob o problema mundial, global e local. Como um faminto, sinta no seu discurso como se aguardasse o pequeno almoço e ele nunca viesse. Fale da vila Nenhures como fizeste tão bem, com assaz sagacidade na sua postagem.
Fale aos motoristas sobre as multas de trânsito e aos transeuntes sobre a crise do petróleo e faça parecer ao contrário a quem se remete a repulsa. A parábola faz parte da brenha, do arcano estrabismo, ao qual o planetário desconcerto deixa nos exposto.
Prefácio nunca pode ser fácil demais, mas faça agora uma piada local, trazendo seu eleitorado para dentro do seu coração. Seja parte da piada. Ria de si mesmo, como fazem os ingleses, porem de lábios flácidos.
Nunca perca a certeza que o problema será resolvido em breve. Breve, porém no tempo em que movemos a terra, o eixo das glórias náuticas, das grandes conquistas, dos nossos nós desatrelados.
Dê Manuais aos Manuéis e nomes que sejam femininos e feminismos como fazem as mulheres tudo parecer fácil dentro de casa, dos mais sofisticados bordados aos mais desembaraçados pontos-de-cruz. Dê um nó no baralho, mas faça parte dele, sempre. Seja goleiro, meia-esquerda e zagueiro nesse momento. Em breve vais marcar um golaço.
Você deu nome aos Américos, mas não foi você que o fez. O problema não é nosso, é um próprio que qualifica o ser humano. Demasiado.
O prólogo já se afasta do exórdio. A prefação do Introito oscula os lábios proêmio e coloca os óculos no estrabismo lúdico do prefácio.
Faça com que não pareça um poema, como agora rimou essa zorra.
Você está nas adjacências da grande-área, buscando um ângulo para sair bem-sucedido.
não use essas palavras na sua fala. Vencedor, Vitorioso, Bem-sucedido. Todos estamos tensos e ansiosos antes do gol, claro, comece a suar, aperte o botão do frêmito a tecla Zap do frisson sonoro, você vai marcar ou vai chutar pra fora? Na hora H que se conhece o crack, o diferencial do diferente, o talento.
Mostre-se presente.
babe um pouco.
você, faz parte do problema.
Prepare-se para a sua frase final.
já sabe qual será?
Elabore um quão quanto quando. Um engodo sincero.
Um “de MÃOS atadas” ou “estamos todos juntos” perdidos, sóbrios, unidos, à pé ou de carro! Motoristas, automobilística indús., o que faremos?
Solte finalmente seu grito!
e será um político impecável...

Boa sorte.
Abraço forte,

Gustavo

ps.: faz tempo tenho observado o Luiz Inácio fazer isso...




Gustavo said...

outro conselho que te dou:

Pois manda a m*&#d@¨ esses tais comentaristas que te aconselham nada dizer estilo "Não não digas nada supor o que dirá a tua boca fechada é ouvi-lo já" gente, isso é Pessoa.

Bem, genuíno foi o Menéres com palavra nova: animalária.
ao menos não tens que dar antimalária, em caso de epidemiologia...

fazer nada, João?
certo, mover uma palha, o mundo é pequeno se quem não tem de limpá-lo, mas o movimento é o que nos deixa pleno.

dizer sobre a animalidade do eleitorado, embora, falácia, havia de deixar-me ainda mais anquistrodesmo, confuso, de palpebrado, puto...

no entanto, ainda há Fernando's que dizes isso.

Gustavo said...

dizem*

Jorge Pinheiro said...

Fiquei ligeiramente confuso. Mas vou fazer qualquer coisa de nada. Será isto?

Gustavo said...

escreve um discurso com base nos meus parágrafos, Expresso.

Gustavo said...

diga que se elegeu com as mãos deles, não com as tuas somente.

Gustavo said...

mande que venham ter comigo um diálogo. que lhes explico como é a coisa no Brasil. Cem mil motoristas ficariam cem mil desempregados, sem nada. sem dizer no sorriso amarelo e levando a vida a sorrir. Rubor de flamengo e vasco, panis et circenses.
Diga que algo a dizer é melhor que nada.

Gustavo said...

Fla-vas Fla-me Fla-bo Fla-flu
Flamengo!
a coisa é rubro-negra!

Gustavo said...

fala que está confuso como agora, que pediu ajuda no Blog, que alguns mandaram fazer nada, como pareceu meu caso, mas é que tudo se resolve. Não se pode desesperar, que outras talibadas capinadores pra trocarem telhas quebradas, pedem telhas novas na quebrada, pedem libido na lambada, no lugar do fado, Zouke no suco e na janta, que não adianta dar birra no meio da rua, lamber as pernas do mercado. O facto é que tudo se resolve. Se não há solução é porque já está solucionado, lamírias de um viciado, do Buda ao Buroughs.
Não queime palha por nada, não deixe a bunda estancada, não dê com os burros n'água, ou não se elegerá de novo.
Pede ajuda ao próprio povo.
talvez eles Nenhum Lugar melhor, Neossourenses de origem, te ajudem mais que nós, blogueiros exilados...

Jorge Pinheiro said...

O País dos Blogues parece um sítio fixe.

Gustavo said...

convoque uma audiência!

Anonymous said...

depois disto tenho mesmo a certeza de que conversa de político não deve ser levada a sério

Jorge Pinheiro said...

Uma brilhante conclusão.