16.11.13

MARIALVISMO - II


Uma confusão a evitar é a que se estabelece por vezes entre marialva, libertino e Don Juan, compactando os três na noção de “garanhão”. Para José Cardoso Pires é impossível haver subprodutos marialvas com disfarces libertinos. O Don Juan vive num processo de angústia, como no Don Johannes de Kirkegaard, e não nas satisfações fáceis do marialva, sendo que no primeiro a sexualidade é mesmo secundária, contando sim a independência de uma personagem como Madame Merteuil que dizia «je suis mon ouvrage». Ser a sua própria obra implica uma ideia de individualismo e liberdade, a que o marialvismo seria avesso. O machismo ou exibição viril, atributo do marialva, obediência à “voz do sangue”, é incompatível com a aceitação da igualdade em é incompatível com a aceitação da igualdade em soberania dos amantes (Cardoso Pires, 1970:79).

4 comments:

Li Ferreira Nhan said...

E ainda existem essas figuras, que pensam assim no século XXI.
Fui ter a net (muito rapidamente). Nunca tinha ouvido acerca de marialvas/ ismos.
Essa denominação parece própria de cavaleiros/montadores/criadores de puro sangue lusitano... Estou enganada?
Se não começo a perceber muito do caráter de
Deixa pra lá!

daga said...

mas então é uma subcultura nacional só de homens? "exibição viril"... na menina anterior também vinha escrito "marialva"! bem não interessa...é tudo muito lusitano...mas o melhor são os cavalos!

Jorge Pinheiro said...

Li: a herança mediterrânica machista assumiu formas diferentes. O cavalo, o touro e a mulher são os "objectos" de culto. Algo de quase religioso. Nas Pampas e no Rio Grande do Sul seguiram essa herança. No Texas também. Em Portugal acresce o fado, o vinho, o sebastianismo e a saudade.

Jorge Pinheiro said...

Graça: hoje as mulheres também são marialvas. Essa é a evolução. Ainda bem que percebeste a "piada".