17.11.13

MARIALVISMO - III


A seguir ao interregno Pombalino, o marialva, por assim dizer, regressa. É a divinização das hierarquias e o Sebastianismo irracionalista que emergem e, sobretudo
o estabelecimento da pax ruris portuguesa. Este ideário, depois dos interregnos liberal e republicano, seria retomado e exacerbado pelo Estado Novo. António Sardinha, ideólogo do Estado Novo, dizia: «Nós não duvidamos das forças reconstrutoras que dormem o sono do Senhor, à espera do Terceiro Dia, no subconsciente de Portugal» utilizando uma apologética do mito, confirmadora dos limitados recursos do ideário patriarcal e o uso do verbalismo mítico (Cardoso Pires, 1970: 147). O “ideal português” é definido, já em 1963 do seguinte modo: «o ideal português, na sua expressão
«filosófica, movimenta-se... em redor das 10 palavras chave: mar, nau, descobrimento,viagem, demanda, oriente, amor, Império, saudade e encoberto» (O que é o Ideal Português, 1963). A noção de Portuguesidade assenta numa psicologia de massas, do primado do instinto, reafirmando-se na superioridade da chamada sabedoria popular sobre o conhecimento científico, revalorizando-se a ingenuidade, a rudeza ou o culto do tosco (Cardoso Pires, 1970:157).
 

2 comments:

Anonymous said...

Nada como cultivar as tradições.

daga said...

eu preferia que esse ideal fosse "renascer das cinzas" (como diz o poeta), mas sozinhos, sem D. Sebastião, que tivéssemos essa força!