Melzek tinha esquecido todos as regras básicas da sua profissão.
Depois do atentado, há muito que devia ter saído de Lagos. As instruções eram
claras: manter-se mais três dias na cidade e depois sair do país via Lisboa.
Mas, Melzek foi-se deixando ficar. Só tinha o próximo trabalho dali a seis
meses. Um contrato para eliminar um conhecido empresário mexicano. E,
francamente, aos 48 anos estava farto deste desassossego. Sempre a viajar.
Identidades falsas. Sempre escondido. Sem família. Sem amigos. A ideia de
assentar e fechar actividade não lhe desagradava. Talvez ficar ali pelo
Algarve. Comprar uma boa casa com vista para o mar. Dinheiro não lhe faltava.
Idalécia podia ser uma boa companhia. Era meiga e dedicada. Ficar-lhe-ia
eternamente grata. Começou a pensar seriamente na hipótese. Depois de despachar
o próximo trabalho viria para o Algarve. Naquela noite, Idalécia teve uma
surpresa. Um anel de brilhantes. Melzek estava a ficar romântico.
(Continua)
4 comments:
Um conto de tirar o fôlego!
E a imagem é soberba !
"romântico" é muito bom para uma criatura como o Melzek ;)
Pois. Quando cá vêm já não querem ir embora ou então, ficam sempre sonhando em voltar... É magia. :)
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